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terça-feira, setembro 30, 2003


Foste


Foi-se embora, fechou atrás a porta e não veio
beijou-me a face demoradamente de olhos baixos
reconheci este episódio em tantos outros
da minha não coragem de dizer gosto, quero.
sei que amanhã o meu telefone não toca,
sei que tu és um caso a esquecer, um dia
nenhum lugar aonde vá deixo-te de levar
em mais algum pensamento fortuito sem ti.
Amar tem de ser assim, na dor e no prazer,
no chegar e no partir, no não voltar, entristecer
amar é mesmo assim, sem aquele que se quer
mais e mais se deseja e não, confusamente
se ama erradamente, pelo caminho em punho
a muito custo aberto assim sob a dor infinita.
Por isto deixei de acreditar em amores ideais.
Tu foste, eu deixei, quis que fosses, não quis partir
deixei que acomodadamente partisses de mim
sem nenhum esforço, sem mais palavra amar
sem querer afastar, afasto e afasto-me do viver
a amar, por não saber se sei mais fazê-lo
por não acreditar, por não querer tentar desejar
grito de dor interinamente, não enfrentando
mais encostar mão na mão, boca nos lábios, outros
estarei louca assim, não me importa, não esperarei,
friamente deixei que outros fizessem sentir o que não
sinto, egoisticamente não tendo fé em caminhar
construindo sobre o nada, do nada, para o ninguém.
Não dou mais o que dei, não sonharei, nem tocarei
outra alma dedicada a mim, empurrando-me
forçosamente para uma solidão de amizades bonitas
preenchendo-me de almas lindas amigas, vizinhas
em jantares de cigarros e esfumaços nos quintais
amando amigavelmente e não mais rostos indeléveis
Crendo ser eu assim e se não sou o que fazer?
Foi-se embora, fechou atrás a porta e não veio.




MAR     04.05.03        22
h35m


segunda-feira, setembro 29, 2003


Sou pássaro a voar
sou o chão que pisas
sou o momento…sou o nada,
sou simplesmente alguém.


domingo, setembro 28, 2003


É a alma que nos escorre dos dedos
É a areia que se esvai na alma
É o medo que dos olhos se vê
É este perder pouco a pouco

É o dia-a-dia algo a temer
Terror dos que nos olham
Receio dos que nos vêem
É um corpo cansado

Imaginei a dúvida do paraíso
Compreendi cedo a infelicidade

É esta saudade longínqua
Que me vem sem eu saber de onde
É este pensamento que me persegue
A dor do mar, revoltado.

19.08.1996 MAR

sábado, setembro 27, 2003


Lisboa, 27 de Setembro de 2003, 01h58m.


Olá,


Sabes que pensando no assunto horas a fio em todos os lugares fui obrigada a me impingir uma semi-conclusão acerca deste nós não-existente na sua suspensão em dúvida e na espera de resposta.
Lembro-me de ter efectuado, qual máquina registadora em análise da soma, esta espera a muitos outros no passado, só que eles não eram eu e eu não me sentia a sofrer por isso e nem me doía a dúvida como agora.
Esta inefável tristeza, do “beijei, abracei e bebi-o por ti” num passado recente lá longe sem mim já não me basta.
O eu ser quem sou, “sempre fizeste, ocasionalmente andavas e andas por outras dunas”, não determina que me afaste no sentimento.
O eu ser “mais esquiva e inconstante que as vagas do Meco”, mesmo que para ti se revista de algum charme, para mim não acusa mistério algum a não ser uma certeza absoluta dita vezes sem conta na última manhã em que permanecemos horas…não vou descrever.
Já longe “I’m so fucking drunk. But I miss you a lot” não me enche as medidas e mesmo que tenha um prazer interior rasteiro não me eleva o coração, nem alivia a falta da tua ausência.
Se “Só te quero sentir nua de costas para mim, envolver-te com os meus braços e ver-te adormecer” porque então não vens, não sentes, não envolves, não me tomas para ti?
Caramba, se eu o devia ter visto o inaudível grito de amor “espero que o tenhas sentido no Alvão numa noite de lua cheia, na Galé na praia, numa cama, numa qualquer conversa pela noite dentro” ???? Porque não ouvi?
Se soubesses como me doeram frases “mas estaria a tua cama e o teu odor e isso bastava”, “AMO-TE MEEEEEEEEEEEEEEECOOOOOOOOOOOOO!”, se soubesses que te amo com a certeza que eu sei, não me fazias isto.
Sei que queres que seja livre e independente porque sabes que só sou tua, porque mesmo longe marcas-me a presença - “enterra os pés na areia e depois mete-te no saco-cama e adormece abraçada por mim como numa pintura de Klimt. N abreijos”, porque estás mesmo não estando.
Porque te foste embora e começaste a falar-me em estrangeiro e nesta língua me disseste coisas grandes-pequenas, lindas, me mostraste que as tuas saudades “I miss the touch of your skin, the smell that you exhale on the morning, your coffe with milk, your breath on my chest, your twisted morning humour, the all of you“ eram quase iguais às minhas.
Mas não eram, porque te satisfazes com bem mais pouco que eu “além do mais tenho aquela tua foto de passe de cabelo curto que me deste aqui ao lado para te rever. Dorme bem. G bj.” E eu? E eu que nenhuma foto tenho e que me vens à memória todas as horas, não sei se ainda bem se não tenho, porque quanto mais te vejo em imagens solúveis, mais te quero e mais penso que isso não irá ser concreto, palpável, nunca.
Bolas, que assim não estou, nem feliz, nem bem, nem amada, porque fazes questão de marcar que não me deixas ir “beijo-te e enlaço-te toda a noite.”, não queres ir e nem queres que eu vá “eu não me afasto nem o quero fazer só que infelizmente não posso sempre responder e acompanhar o teu mundo. Gostava muito mas não posso. Mtos Abreijos” o eu que raiva! Compreender que tens o dinheiro contado, ou dependendo de outros em Portugal para te carregarem o telemóvel e me poderes responder.
Ainda assim bati no fundo do poço e li “sim, significa. E se queres que te diga até é melhor porque pelo menos fica durante algum tempo a memória da última manhã. Abreijo.” e não te vieste despedir, não recebeste o meu abraço, não quiseste, não podias, não soube, não sei.
Deixei de te escrever mensagens faz algures por agora quinze dias, deixei de te dizer amo-te, deixei a muito custo que me afastasse de ti para que possas pensar, sem a pressão de que existo e te faço lembrar isso mesmo, porque quero que penses - “O tempo o dirá. Um grande e intenso abreijo.”
Sei que me escreveste “Às vezes penso que queria ficar o resto da minha vida!”, mas eram vinte e três de Agosto e eram cinco e vinte e quatro da manhã e podes hoje ter outras certezas e muitas mais dúvidas.
Assim na angústia do pensamento atrozmente cortante quero que:
Se tiveres uma resposta, assim que a tiveres, ma dês, se for negativa ou positiva, que não ma dês só no Natal já de volta a este país, que ma dês ainda aí, que me mandes às malvas da Nuremberga, que me digas, “cara amiga, amo-te mas não da forma que queres e não para a vida e nem no amor que me tens, nada disso, és-me imprescindível ao viver, mas no plano correcto e estritamente para não dizer esotericamente necessário e não mais que isto.”, que me derrotes na certeza de ser feliz, que me marques nessa certeza sabendo que me marcas no meu mais fundo mas que o faças piedosamente de longe.
Para que não vejas, nem sintas, nem pressintas, o que vou sentir.

Peço-te só isto, nada mais, será como pedir um copo de água, simples, directo, concreto, quando o souberes. Pode ser?

Obrigada.

Abreijo-te na saudade de um Meco sem ti.

MAR.

sexta-feira, setembro 26, 2003

 


Sou d’água vazio, um copo


sou sem ondas, um mar


sou cheia de mortes, uma vida


sou de pedra, um coração


sou sem amor, um pobre


sou dor que sente uma rocha


sou de nu vestido, um corpo


sou que só vê, um olhar


sou sem palavras, um livro


sou de recordações, uma memória


sou não cometido, um pecado


sou sem destino, um vento


sou por engano, uma esmola


sou…


 


MAR, algures entre 1996 e 2000.




 


quinta-feira, setembro 25, 2003


Amor I


Perco as defesas e encontro-me com o encontrar.

É tão precioso.

Algum dia direi mais.


Amor II


Amor é um de nós misturado com um pouco de alguém.


Amor III


Amor, solidão diante de um espelho nu, narciso a procurar o que só em mim és tu.


Amor IV


Amo o impossível e o impossível ama-me.



A criança e o texto literário





Teresa Lima | 24.09.2003





Como promover a competência linguística logo a partir da infância, quais os exemplos de boas práticas e de que forma se pode investir na formação dos professores, são algumas das questões em aberto na Universidade do Minho.



É possível levar António Nobre e Alberto Caeiro às crianças, assim como aprender a ler um desenho e a desenhar um texto. O encontro internacional - A criança, a língua e o texto literário: da investigação às práticas - que irá decorrer em Braga, de 3 a 4 de Outubro, irá debater as potencialidades do texto literário, a importância de investir na literacia logo desde os primeiros anos de vida e a necessidade de formar professores para a leitura na infância.

No encontro organizado pelo Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho, estarão presentes especialistas nacionais (Universidade de Évora, Escola Superior de Educação de Viana do Castelo, Instituto Politécnico do Porto e Instituto Superior de Psicologia Aplicada) e internacionais (do Brasil, Argentina e de Espanha), que irão debater a língua e o texto literário na infância.

O objectivo principal do congresso é a apresentação de práticas de investigação no domínio da língua e da literatura, no contexto da formação de professores. Dirigido a professores, educadores e alunos, o encontro tentará passar da investigação às práticas, através da apresentação de alguns projectos de promoção da leitura em jardins-de-infância e escolas.

Os dois dias do congresso irão dividir-se entre os debates e os posters; através dos quais se irá reflectir sobre o texto como objecto estético, a formação dos professores e também o papel do texto literário na construção da competência linguística e literária.


in
Educare.pt


quarta-feira, setembro 24, 2003

Vens aqui todos os dias, como quem lê o jornal do dia, ou pede o primeiro café da manhã. Cuidado eu tenho efeitos mais, maiores e nefastos.


O Tempo e a Memória



Incrível como há dias como este, em frente a um uniforme e cúbico computador de trabalho, envolvida numa multidão algures entre as cem e as duzentas mentes pensantes, numa paisagem de Tejo, envidraçada, em um 6º piso de Lisboa, pensava do que me lembraria realmente dos amores e do quão enevoados se tornam os não tão raros maus momentos.

Não pensava em pessoas em especial, na tentativa de visualizar somente o que sobressaía da memória, estranhamente, vem-me uma tarde na casa de banho, da piscina de um amigo na Calçada do Monte da minha cidade natal, talvez uns vinte minutos, íntimos, muito, há uns oito, talvez nove anos e, de seguida um momento em Abril do ano corrente, algures num Alentejo Primaveril, numa outra casa de banho, em baixo de um chuveiro, de bungallow, alugado por mim, para três dias em que resolvi pôr fim a algo que nada tinha de princípio. Este, era por sua vez um momento entre o íntimo, o selvático q.b. e o deveras apaixonado. Terá durado uma hora e picos...



MAR 23.09.03 23:50



terça-feira, setembro 23, 2003



Algo invisível fez tremer a blogosfera (não vou mencionar acontecimentos) e porque ainda não me tinha apercebido da amarga não-transparência possível do funcionamento dos blogs, só lamento, só posso lamentar. Não estou de luto, algo neste labirinto de irrealidades publicadas em horários nobre me deixou estupefecada.

Porquê?



O poema é a liberdade




Um poema não se programa

porém a disciplina

- sílaba por sílaba -

o acompanha




Sílaba por sílaba

o poema emerge

- como se os deuses o dessem

o fazemos






Liberdade, Sophia de Mello Breyner




Não confundir este pequeno desabafo com "defensa" de quem não julgo se a merece, mas se a conquistámos - a Liberdade - a da expressão, inequivocamente, não deveríamos dar em 2003 no lápis azul de uma censura covarde e/ou injustificada. Porque a paixão pela palavra aqui neste universo partilhada, pensava eu, não seria um dia alvo de uma crise de estilo ou conteúdo, inefavelmente apagados.


Como já li aqui e algures, os blogs são de coração e não de razão... fica a certeza triste de que todos somos apagáveis...desculpem a ingenuidade!


 


MAR 23 Setembro 2003


segunda-feira, setembro 22, 2003

Fechemos os nossos sonhos


num cofre de papelão


escondamos os rumores


na imensidão dos amores.


Agora vejo o não visto


Prevejo amores que não amei


e àqueles que nem lembrei


minha alma os ressequiu.


 


MAR, algures entre 1996 e 2000.





Eu



Sou a que no mundo anda perdida

Eu sou a que na vida não tem norte,

Sou a irmã do Sonho, e desta sorte

Sou a crucificada, a dolorida...



Sombra de névoa tênue e esvaecida

E que o destino amargo, triste e forte,

Impele brutalmente para a morte

Alma de luto sempre incompreendida!



Sou aquela que passa e ninguém vê.....

Sou a que chamam triste sem o ser...

Sou a que chora sem saber por quê...



Sou talvez a visão que Alguém sonhou

Alguém que veio ao mundo pra me ver

E que nunca na vida me encontrou!



Florbela Espanca


domingo, setembro 21, 2003

If one day I said I love you, I wasn't really meaning it. Aquando daquela inerte fotografia nos mil e quinhentos metros de areia em Abril foi tirada de mim encostada, como que eternamente, em ti a descansar do último mergulho, eu começava a ganhar a assustadora consciência de que realmente te amava, mesmo sem ainda o saber ou admitir a mim mesma num silêncio infinito ejaculado de ti. Agora na minha ignorância das coisas etéreas digo-te em segredo, sem promessas: o meu amor é da dimensão do mar... e eu,... estou à deriva...


21.09.03 / 13:09 / MAR


sexta-feira, setembro 19, 2003

...aprenda isto de mim... os meus textos são sempre reais eu é que sou menos a realidade dos meus textos...
aquilo que dou aos meus amigos sem carapaça e aos amores sinceros.


quinta-feira, setembro 18, 2003

"I miss the touch of your skin, the smell that you exale on the morning, your coffee with milk, your breath on my cheast, your twisted morning humour, the all of you."

Miss you too.



Não quis dizer um dia o amor embriagada



Tornando-me cinza num lento e calmo pernoitar



Mas a sede da recordação como brasa anseia em voltar



O meu olhar desde séculos-luz convida a seduzir para amar



Viajo sem conta, vezes, assim pelo campo do silêncio



E na minha alma ora vazia ora semi-completa há um eco



pedinte ressoando os passos dolorosamente sepulcrais



inefável a dor assim na saudade de um não-amor vazio



no acto de um beijar escapulido nas mãos seguramente.



Podíamos, se soubéssemos ter amado mais cedo



mais puramente, mais incessantes os corpos da loucura



de uma paixão que se tornou calmo amor fundado em amizade



nada a descodrir deste naufrágio exacto e incompleto



se sonhasse adivinhar-te-ia a meu lado a cada passo breve



se acordasse via-te sem mim na inconstância da vida



mesmo assim, um nada, inacabado, um tudo para mim.


08.08.03



00:01



MAR


quarta-feira, setembro 17, 2003

 



(...) Os gatos, sempre me acompanharam na vida, de uma forma ou de outra aparece um que me toca, se me atravessa na frente, qual mistério, vindo do nada. Lembro-me de que já em Lisboa, via muitos gatos e pensava sempre se os outros lá da minha praça teriam saudades de mim, então parava a fazer umas festinhas cariciosas, dando sempre antes a mão a cheirar, mostrando que lhes era uma amiga afável, eles olhavam-me estranhos, acho que não lhes era reconhecível.



Um dia vi um gato tal qual os da minha praceta, qual rei em cima de capot de carro quentinho, este gato era Lisboeta, no entanto em nada se assemelhava na estranheza, na indiferença imperiosa, aproximei-me e estive sentada com ele sem lhe tocar um bom tempo, no capot, não me lembro se seria um gato bonito, mas era um gato com estilo e personalidade, garanto, pois não era por estar eu ali que se mexeu, mudou de posição ou, se foi embora, como na cosmopolita cidade me costumava acontecer, não, nada disso, olhava-me e observava tal qual outro qualquer ser humano, tal qual os gatos da minha praceta, aqueles que na minha infância de rua conversavam comigo e me escutavam os medos e as alegrias.



Agora que só vou “a casa” em dias de festa e nesta cidade solitária me encontro estabelecida, lembro os gatos da minha rua, como se fossem pessoas, sinto-lhes as saudades, recordo os engraçados, os trapezistas, aqueles que me acompanharam o crescimento.



Recordo a saudade que lhes tive nos primeiros tempos na urbe, a saudade das coisas simples sem serem complexas, sim porque cá tudo é tão complicado e tem regras tão rígidas, nada do que serviria àqueles gatos.



Àqueles que de certo já morreram.



terça-feira, setembro 16, 2003

LÁGRIMA


Cheia de penas me deito


E com mais penas me levanto


Já me ficou no meu peito


O jeito de te querer tanto


Tenho por meu desespero


Dentro de mim o castigo


Eu digo que não te quero


E de noite sonho contigo


Se considero que um dia hei de morrer


No desespero que tenho de te não ver


Estendo o meu xaile no chão


E deixo-me adormecer


Se eu soubesse que morrendo


Tu me havias de chorar


Por uma lágrima tua


Que alegria, me deixaria matar.


 


Amália Rodrigues


segunda-feira, setembro 15, 2003

 



A minha máscara criou-se devido a esta coisa e, devido a esta coisa continuará a existir e os outros nem sempre irão entender-me, mesmo que por vezes o que sou acumule com o que tenho e me faça refugiar nalgum "sítio sem nada" deste país, fugindo de tudo e todos. Deixando amigos e emprego para trás e voltando para construir tudo de raiz.

Gosto de mim como sou, mais irritada uns dias, mais querida na insuspeitada intimidade.

 

MAR

11 de Setembro de 2003

11h45min



sábado, setembro 13, 2003

    I miss you very much and by now the only thing I would like to do was either to sleep with you or to make love, till the end, with you. Sleep cousy. One Kiss +  hug.

From someone out there in the world.


quarta-feira, setembro 10, 2003


             
Lisboa (acho), 9 de Setembro (creio) de 2003 (mas sem certezas).



Não estou em mim, estando mais que nunca.




Estou cansada, de tudo um pouco. De lutar para que reconheçam o meu trabalho, de procurar sozinha casa. De lutar para ser feliz minimamente, todos os dias. De aparentar para alguns o que não sou. De lutar pela pessoa que  amo. De estar e parecer não estar na vida de outros. De sofrer com tudo isto e de nada se encaminhar para um final sorridente.


terça-feira, setembro 09, 2003

Ecos de mim

 


Ecos de mim deixei nessas praias longínquas


Ecos em espaços terrenos pouco explorados


Ecos no caos das ruas desta cidade


Ecos de mim, por já nada e tudo esperar


Ecos de mim em sonhos de perfume e cor


Ecos de amor que não retornam na areia


Ecos em espera de beijos loucos sem resistir


Ecos de ter medo de já não sonhar


Ecos de mim no chão, na rua, na areia, na água


Ecos de mim numa alma de solidão


Ecos assim nas esquinas do coração


Ecos que quero só para mim, possuir


Ecos que não vêm de um ti, entrecortado


Em ecos de labirintos que não entendo, coragem


Eco de mim que não retomasse ao passado


Um eco que fosses tu meu eco


Azul murmúrio debaixo do búzio, que fosses tu assim


Escutado num eco murmurado "Amo-te".

 

 00h25m   17.03.03    MAR


quinta-feira, setembro 04, 2003


There is always some madness in love. But there is also always some reason in madness.



Friedrich Nietzsche,
in Reading and Writing



quarta-feira, setembro 03, 2003


22h43m

    
Lisboa, 1 de Setembro de 2003



Olá!


Vim trabalhar, embora o que mais me apetecesse era ficar debaixo do Edredon a ouvir uma qualquer música, ou a ver um qualquer filme, ambos pseudo-intelectuais.


Do que mais me recordo é de um “duche” na Galé, mas sei que não tem a ver com o seu carácter sexual, tem sim a ver com o seu carisma intimo, de carinho, partilha, sentimentos explorados, naquele “longo tempo” debaixo de água, que pura e simplesmente, adorei, amei, delirei.


Foram momentos como aquele que sempre me têm ficado na memória.


Às vezes pergunto-me porque temos momentos tão únicos como este, porque temos não só um, nem dois, nem três, mas mais, muitos mais, porque só os tive contigo, porque ao pensar neles, só sei sorrir de pura felicidade?


No início, esta sensação, por me ser estranha, me assustava, compreendo hoje isto, fiquei estupefacta, aterrorizada mesmo, por não conseguir negar o óbvio, que em mim se queria segurar em segredo. Não consegui e não sinto que deva pedir desculpas por saber, por sentir, que deva recusar essa verdade.


Recebi certa mensagem agora, as cartas já são duas e continuo sem uma morada: “Pensei e ainda há pouco estive a rever as suas fotos. Lembrei-me das noites. 1 abreijo da Baviera.”


Vou responder…



terça-feira, setembro 02, 2003


Olá, sejas tu quem fores.

Far-te-ia sempre as mesmas perguntas, o porquê da dor, o porquê da impiedade, o porquê do desorgulho, o porquê de tudo o que há de mau no mundo.
Queria nada saber. Queria mesmo ser burra. E feliz, queria mesmo tanto ser feliz.
Pôr-te-ia sempre as mesmas dúvidas.
Porquê a fome e a morte de quem quer viver.
Porquê a dor de quem sempre quis ser feliz.
Porquê a sede, porquê o mal. Porque nos fazes a todos sofrer.
Porque já nascemos todos neste imenso mar que é a dor, e porque nos deixas nele afogar.
Fosses tu quem fosses.
Deves ser mesmo muito mau para não nos ajudares e nem nos deixares ajudar quem precisa, deixando-nos de mãos e pés atados, chorando as lágrimas que nem são nossas.
Sejas tu quem sejas.
Porque nos olhas na indiferença cúmplice de um mal tão bem conhecido.
Porque adormeces, como consegues dormir sem nos deitar uma mão de paz e de calma. Já não peço para ser feliz, só peço para não sentir a dor de saber que sempre vamos ser assim. À tua custa, por ti, por tua causa, sejas tu quem quiseres.
Não quero conhecer-te, ser maldoso e cruel.
Se é que existe alguém que nos pode ajudar e não o faz só pode ser minimamente um criminoso, e quem me dera que fosse um criminoso qualquer, vulgar, de rua.

Quem és tu afinal?

Ou, quem pensas que és, para poderes fazer tanto mal?

MAR - 2001

segunda-feira, setembro 01, 2003


"Gosto de quem responde antes de perguntar..." Alexandre O'Neill.

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