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domingo, fevereiro 29, 2004


Buzios, rodopios na areia de um marinheiro sem peixe, mas foi no seu mar que começou a amar. Tirou a rolha e apenas leu o que já tinha enviado.


sábado, fevereiro 28, 2004


Em tudo se transgride o sono do corpo, essa recordação que reaproxima à medida que te vai suspirando...



sexta-feira, fevereiro 27, 2004



Já há algum tempo não digo "amo-te"...

 


Conheci amores delicados e inversos ao que sempre quis e/ou acreditei. Conheci pessoas das quais só me deveria afastar e nunca aproximar e com elas acabei, a dormir. Conheci pessoas carinhosas, falsas, ternas, verdadeiras, uns amores, por algumas me apaixonei, outras que a mim me rodearam e de mim nada levaram.
Conheci algumas que mais me marcaram. Algumas que poderei dizer "amei", outras que poderei dizer "gostei", mesmo que as palavras pouco digam da semântica humana e dos sentidos, poucas pessoas, ainda, que me deixaram a agradável recordação de um momento ou de alguns, poucos ou muitos, momentos bem passados.
Somente com uma de todas as pessoas que gostei passei alguns, vários, anos da minha vida e, no entanto, me deixou na maior confusão de vida, com culpa ou sem culpa, isso agora não é para aqui chamado, nas mais altivas questões de mim para mim, que me impede de no presente conseguir tentar ser feliz e, no entanto ao longo do tempo em que "estivemos" sempre me deu a tão aclamada estabilidade.
Hoje pretendo conhecer alguém, que nem sei se já conheço, nunca sabemos, alguém amigo, que eu ame, que me ame, nada mais, porque tudo o resto em que acreditava de pre-feito e parametrizado de pessoa ideal há muito que foi por água abaixo, nada de estabilidade, bom sentido crítico, inteligência, humanidade, generosidade, carinhoso, etc., etc.
Às vezes creio que das pessoas que mais devia "fugir" foram as que, de uma forma ou outra, mais amei.
Conheci várias pessoas e nenhuma me fez profundamente feliz, algumas me fizeram momentaneamente feliz, mas nenhuma me estabeleceu na felicidade e não sei como explicá-lo a quem recuso ou a quem aceito e me dou, minha, de mim para ti, de mim para mim, porque dar-te é dar-me a mim mesma.

 


MAR


em 26deFevereirode2004



quinta-feira, fevereiro 26, 2004




Pergunto-me, se não te encontrei até hoje, porque te haveria de encontrar a partir de agora?
Quem ou o quê define o momento exacto, da troca fatal, de olhar terno, confuso e apercebido?
Sei que não haverá resposta, como muito menos irei acelerar qualquer que seja este processo de amadurecimento, supostamente necessário, porque assim definido por acaso ou destino.
As entidades abstractas, omnipotentes, omnipresentes, de carácter irreal e íntegro têm mais que fazer que dar este tipo de respostas a outras entidades, como eu, reais e "sofredoras" directas do impacto de um mundo feio ou confuso, bonito e incompreendido mas sempre grandioso, que é o nosso.
E o que mais me confunde em tudo isto, é que eu queira ou não queira, o que for, nada posso fazer, porque eu não interesso, sou pó, demasiado pequena partícula, porque lá está, tudo está escrito nas estrelas, dizem. Nada posso para te encontrar ou, se quiser, caminhar na direcção oposta ao teu encontro, porque imagina, não me apetece, agora, conhecer-te, teres-me para ti, amar-te...


MAR 25deFevereirode2004 às 12horas e 32 minutos




quarta-feira, fevereiro 25, 2004



AUSÊNCIA

 

Num deserto sem água

Numa noite sem lua

Num país sem nome

Ou numa terra nua

 

Por maior que seja o desespero

Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.

 

                                        Sophia de Mello Breyner Andresen

terça-feira, fevereiro 24, 2004



Hoje apeteceu-me, enormemente, estar contigo, só contigo, assim como quando nos apetece estar horas a olhar o mar, ou quando gostamos de estar uma tarde inteira a olhar, a quatro olhos, o tecto do quarto. Foi assim que me apetecia ter hoje estado contigo...



segunda-feira, fevereiro 23, 2004


Ontem aprendi algo que já sabia, há muito que já o sabia, mas parecia tê-lo esquecido, por me ser demasiado importante e por ter andado longe de todos durante tempos preciosos para pessoas que amo. Aprendi que nada e nem ninguém pode suplantar o amor que temos à família e que o risco que corremos todos os dias de perder um qualquer que seja, deles, é um risco demasiado valioso para que me possa dar ao luxo de me afastar devido a amizades que embora também preciosas, nunca poderão substituir uma mãe, uma avó, um irmão, ou até mesmo a minha tia preferida, esta última em coma... pelo que me vou afastar, até breve. Porque é sempre urgente voltar à capital, produzir e produzir deixando para trás os entes realmente queridos, que nos demonstram, sem nada falarem, que nos amam e que realmente faço falta, tanta quanta a que eles me fazem.
O que lhes sou, o que me são, jamais será substituível por qualquer que seja a suposta prioridade na cidade em que vivo e que tenho de saber que não é minha... Pois na minha cidade é onde me aguardam os verdadeiros sorrisos, as verdadeiras saudades, os mais genuínos abraços, os que escondem a lágrima por detrás da emoção que há muito não sentia... e isto não se aprende... sente-se...



domingo, fevereiro 22, 2004



Importo-me que me queiras no sexo, pelo sexo e não pelo que sou.
Porque sempre que me vens, não me venho em ti... talvez por não estares aqui...
Porque parece que quem sou, não és e nem nunca vais ser.



sexta-feira, fevereiro 20, 2004



Gosto de ti... como do mar!
Se me pedirem para medir este sentimento, não vou conseguir, além de que vai ser uma luta condenada.
Nunca consegui destrinçar a quem tinha amado mais na vida, para a vida, pela vida,...



quinta-feira, fevereiro 19, 2004



Ligaste-me de manhã, tinhas acabado de sair de mim nem quatro horas faziam, ligaste-me e poderias somente dizer “bom dia”, mas não, ligaste e disseste “bom dia linda”, o teres ligado, arriscado o pêlo num mau humor marinho conhecido internacionalmente, era já de si uma façanha, o teres ligado, não teres desligado porque somente querias ouvir a minha voz e a medo, carregado no botão que desliga a chamada, teres-me feito ficar furiosa e eu a imaginar o sorriso malandro de quem quer que fosse do outro lado da linha, arquitectando desde logo a vingança feroz com chamadas às seis da matina a chamar-te todos os nomes que bem me apetecia e ocorriam.
Mas não, além de não me teres ligado de manhã, não me ligaste em nenhuma manhã das desta semana e o turpor que esse “não-toque” me faz sentir é algo de inexplicavelmente insuportável, porque sempre preferi que me desdenhassem presentes a me desprezassem na ausência.
E na tua ainda por cima, que sei-a tão presente, porque ainda a sinto, de quando te foste embora... porque o sem-sabor ficou, porque o teu tudo-nada permaneceu, assim qual beija-flor que esvoaçou para um longe não tão distante assim...






Sorriso audível das folhas
Não és mais que a brisa ali
Se eu te olho e tu me olhas,
Quem primeiro é que sorri?
O primeiro a sorrir ri.
Ri e olha de repente
Para fins de não olhar
Para onde nas folhas sente
O som do vento a passar
Tudo e vento e disfarçar.
Mas o olhar, de estar olhando
Onde não olha, voltou
E estamos os dois falando
O que se não conversou
Isto acaba ou começou?

 



Sorriso audível das folhas



Fernando Pessoa




quarta-feira, fevereiro 18, 2004



Não sou bela que nem rosa como me sussurras,
Nem sou pétala frágil sorridente e tocante
Não sou riso, nem escuro, nem sentimento à vista
Sou maré desencontrada, sou sentir que não quer,
Sou medo em avanço pelo penhasco à beira-mar
Não sou nem isso e nem tudo isto que me queres
Sou o que fui, não sendo o que serei, quem sabe!
Sou o que me queres sem ser o que te quero...


MAR 17do02de2004 às 18horas13minutos



terça-feira, fevereiro 17, 2004


Porque me apeteces e ao apeteceres-me, apeteço-me.


segunda-feira, fevereiro 16, 2004




Estou mais eu.
Estou em desabafo cruel e nu.
Estou sem sol porque não vens.
Estou a ansiar-te silenciosamente.
Estou na memória de querer-te.
Estou ali, para ti.
Estou no som e no calor do corpo.
Estou qual mar em mim.
Estou navegável assim contigo.
Estou em maré-vaza, esvaziando-me.
Estou sem brilho no olhar.
Estou sem sabor, sem cheiro, sem pressa.
Estou na saudade da praia, na areia cadente.
Estou a olhar-te sem te ver e a ver-te sem estares aqui.


 





As cartas que nunca mais me escreveste
recebi-as todas,
a cada olhar,
em cada sorriso,
nos carinhos que me fazes,
aos silêncios a que me propicias.




sábado, fevereiro 14, 2004




amar



 



do Lat. amare
v. tr.,



ter amor a;
gostar muito de;
desejar;
escolher;
apreciar;
preferir;
 



v. int.,



estar apaixonado.




 



Perdoem-me se sempre achei que amar era dar, dar-me, perdoar, encontrar paz, estar, ficar, querer mesmo que na ilusão de sempre, desejar muito alguém, no acto de fazer amor, Perdoem-me se apaixonar-me não é para mim amar e nem preferir, muito menos escolher...



sexta-feira, fevereiro 13, 2004


Algum dia nos será permitido, de novo, morrer de saudade.


quinta-feira, fevereiro 12, 2004



Porque todo o tempo do mundo não é nunca o suficiente quando estou contigo e quando estou sozinha, arrasta-se, o tempo, em horas que parecem nunca acabar...?


quarta-feira, fevereiro 11, 2004


Memórias I



As cartas todas que não te enviei não as deixei de escrever, quem me dera que o tivesse feito, tudo o que tinha para te dizer, acabou em folhas soltas por aí, que não te dei a ler a ti e, nem a ninguém. E eu quando as lia não ficava em mim. Escrevi folhas e mais folhas de coisas que te queria dizer, que não disse. De coisas que nunca deveria dizer, de coisas que nos dissemos e de outras que jamais me atreveria.
Pediste-me que não te escrevesse porque te doía a distância e tudo o mais. Acreditei, porque a mim também tudo me doía de ti. Respeitei uma vontade tua que sei não ser completa, porque o que queremos completo pedimos em acordo com o que sentimos. Contigo amei pela primeira vez.
Passaram-se anos desde a última vez que nos vimos, falámos, estivemos, nunca mais vamos estar um com o outro e isso não me dói. Passaram-se afinal não bastantes anos para que te apagasse de uma recordação algures em mim guardada.
Corróis-me como qualquer outra memória amada, solta por aí, umas de azul, as tuas de um verde intenso, perfurante e sei-o, meu.
Existiram tantas cartas enviadas a algumas outras pessoas, mas nenhumas poderiam ser nunca como as nossas, porque as nossas transpareciam a dor, o amor, o querer, o não estar, a impotência de uma vontade sempre apetecida.
Passei por várias despedidas depois da tua, encontrei outros apetites.






Deixa-me ser o teu menino
 

 Deixa-me ser o teu menino
 Deixa-me ser o contorno
 Da linda mágica do teu corpo.
 Deixa-me ser a marca da tua memória
 No silêncio das ondas do nosso olhar.
 
 Mesmo quando ausente,
 O teu último sorriso
 Corre em mim,
 Feito ilha de pele fresca
 Em cavalos a trote
 Numa miragem de seios
 Abertos ao tempo.
 
 Deixa-me ser o teu menino
 Já velho de sentidos
 Mas ao teu lado
 As palavras nuas da verdade
 São o espelho das marés
 Que todos os dias nascem
 No segredo do teu vestido.
 
 
 Carlos Melo Santos



terça-feira, fevereiro 10, 2004



Há vozes em mim inaudíveis
Há uma menina a tremer de frio
Há montanhas, rumores, areia, mar
Há coisas, que não são segredos, escondidas...




segunda-feira, fevereiro 09, 2004




Fui árvore em estação de outono
Ave de asa ferida caminhante
Dia cumprido na desgraça de mais um dia
Borboleta esvoaçante de cores vivazes
Chama inquieta e frágil na janela de um quarto
Sorriso enganador da tristeza que em mim vive
Noites loucas de um amor não cumprido e inexequível.


MAR


domingo, fevereiro 08, 2004


Se o azul do teu mar dissesse o meu cheiro um dia esperar, eu viria caminhando pela areia para ti...




Se o amor me falasse dir-me-ia coisas, talvez, bonitas...


sexta-feira, fevereiro 06, 2004



Não sei poque me insistes em te querer
Porque não sais de mim em vez de entrares...



quinta-feira, fevereiro 05, 2004



Quando sou quem sou mesmo, para ti, é porque te gosto e não desejo inventar desculpas para além das que a linguagem já me obriga e só me seria possível dizer mais com o corpo, mas não posso, não podemos, porque o corpo tudo diz e o que sinto não pode ser dito de uma só golfada de corpos nus na noite inteira difamados. O medo de acordar na manhã seguinte e ver-te ali para mim seria o mais terrível de todos, porque nas outras manhãs, o sorriso, o abraço e os sussuros da noite não estariam mais lá, para mim...



quarta-feira, fevereiro 04, 2004



E antes que outros me perguntem: não me venham com tretas. Há dores que nem o tempo apaga e não, não é somente a dor da morte, há outras, outras dores, há dores que nem meses, nem anos, nem décadas, nos fazem retirar essa amargura, melancolia, mágoa do peito, não me perguntem porquê que não o sei, mas quando, por exemplo, alguém que amamos muito, que é como a nossa alma gémea e se essa pessoa acaba por nos magoar, por uma qualquer razão é uma dor que fica para a vida e mesmo que apareçam outras pessoas nunca mais irá ser um amor inocente, inconsequente, sem pé atrás, sem uma feridazinha lá no fundo escondida que nos isola dos demais.



terça-feira, fevereiro 03, 2004



Não me leias, quero que não me leias. Porque o que saberás, será a descoberto da cortina, que tantos anos demorei a construir.
O que lês é um eu escuro, aquele que quase todos desconhecem detrás de um riso alarmantemente estridente e assim vai ser sempre.
Não me leias, pois as trevas que irás descobrir sou eu e eu não quero ser o escuro... para ti.



segunda-feira, fevereiro 02, 2004


És a tristeza que me deixa na saudade de ser tocada
És um mar inatingível, o que não posso ter.




Ninguém
 
 
 Embriaguei-me num doido desejo
 E adoeci de saudade.
 Caí no vago ... no indeciso
 Não me encontro, não me vejo -
 Perscruto a imensidade
 
 E fico a tactear na escuridão
 Ninguém. Ninguém
 Nem eu, tão pouco!
 
 Encontro apenas
 o tumultuar dum coração
 aprisionado dentro do meu peito
 aos saltos como um louco.
 
 
 
 Judith Teixeira



domingo, fevereiro 01, 2004



Um dia explicar-te-ei a sensação que é viver a vida toda sem saber nunca a direcção que quero caminhar.
O sentimento constante de andar e andar e nunca crer que se está encontrado, consigo mesmo ou, com os outros.
Um dia, quando o souber, conto-te o meu segredo... o de como sorrir infeliz...




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