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quarta-feira, março 31, 2004


sou um adeus sem palavras





auspicio que não vou ser EU nunca e isso assusta-me por me afastar do objectivo inter-estrelar e meu: a felicidade.


 



Vou mudar de letra, está decidido, fartei-me...

I'm going to change my font, it's decided, I'm fucking tired of this one...

Je vais modifier le type de lettre, il est déterminé, j'ai été saturé...


 




Eu te amaldiçoo




Que sejas maldito por não teres sabido o quanto te amei nas madrugadas em que estiveste por cá
Que sejas maldito por me teres feito mostrar o que de mim não uso dar aos outros nas manhãs
Que sejas maldito por me teres olhado e tocado todas as vezes que não soubeste dizer as verdades
Que sejas maldito por não te ter sabido aperceber ou o quão não estavas comigo, nos dias,
Que fiques sabendo que não te amaldiçoo porque nunca fui capaz, a vingança não me veste bem
Que me sirvas de mais uma lição que aprenderei, quem sabe, ao longo das noites que mal durmo
Que não sejas nada disto e sejas alguma coisa que não sei o que é, nem mesmo eu sei quem sou, ando por aí....

30.03.2004


terça-feira, março 30, 2004



Hoje o meu chefe, aliás o chefe da minha chefia directa, perguntou-me:
- Joana...
- Joana... ?
- Ah está a falar comigo? (lá me dignei a retirar os auscultadores que passam quase as dez horas de trabalho nos meus ouvidos)
- Diga.
- Poderia por favor minimizar tudo isso?
- (ri-me para dentro) Concerteza! (E lá estava o cromo do Brad Pitt, por sinal numa foto que o favorece. E eu que nem aprecio de sobremaneira loiros)
- Posso-lhe perguntar porque tem essa coisa no seu desktop?
- Ora, meu caro, é só um homem! (apeteceu-me mesmo dizer ora trabalho num ambiente de machistas tradicionais embora cavalheiros, mas as piadas são sempre sobre futebol e que me apeteceu irritá-los a todos e ora que já que resolveu sentar-me mesmo ao pé de si, ora tome lá o Brad e não me chateie, pois cada vez que vou lá fora e bloqueio o computador lá fica o Brad e eles todos a olhar, lolllllllllll)
- (mas não respondi) Toda a equipa tinha e eu mantive a minha foto do Brad, mas esteja descansado que sem falta amanhã arranjo um moreno!
Coisas do dia-a-dia de um miúda quase trintona, provocatória nas atitudes e que não deixa de ser o membro que mais produz, mas que também por estas e outras pequenas coisas, mais “chateia”.
E o moreno já lá ficou hoje que é para não dizerem que não cumpro com a minha palavra!
Ehhh! Bem feita!





Já amei formas,
amei olhares
rostos
já amei maneiras
amei sorrisos
bocas
já amei o homem
amei o amigo
feliz
já amei a mão
amei o colo
a paz
já amei o abraço
amei as conversas
dormir
já amei muito
talvez muito pouco
não sei.


 


MAR em 29.03.2004 às 21h22




segunda-feira, março 29, 2004



Once the horizons of the mind have expanded they can never go back to where they were...



domingo, março 28, 2004

Se os homens não fossem todos uns mais iguais que outros, haveria um diferente. Se as mulheres fossem menos diferentes talvez fosse mais bela a vida e menos triste por detrás de sorrisos maqueados e de olheiras disfarçadas e de dentes perfeitos e cerebrozinhos socialmente preparados para dar as respostas certas na altura certa, ou para ficarmos caladas. Desculpem-me a insubmissão, a brusquidez da honestidade, a falta de sensibilidade, a arrogância de ser diferentemente e demasiado franca, num mundo onde os homens não dão lugar a quem diz o que lhe vai na alma ou no coração. Somos todos cinícos, na embalagem por um amor aos outros que acaba afinal por nem sequer existir desinteressado e livre.


 


O Mar hoje estava desta cor ferindo a íris de quem nem devia ter saído de casa.


 




E a onda gigante que não vem é sempre a mais desejada, ou por todos temida e odiada...


sexta-feira, março 26, 2004


Sympathetic Character

 



I was afraid you'd hit me if I'd spoken up
I was afraid of your physical strength
I was afraid you'd hit me below the belt
I was afraid of your sucker punch
I was afraid of your reducing me
I was afraid of your alcohol breath
I was afraid of your complete disregard for me
I was afraid of your temper
I was afraid of handles being flown off
I was afraid of holes being punched into walls
I was afraid of your testosterone
I have as much rage as you have
I have as much pain as you do
I've lived as much hell as you have
and I've kept mine bubbling under for you
you were my best friend
you were my lover
you were my mentor
you were my brother
you were my partner
you were my teacher
you were my very own sympathetic character
I was afraid of verbal daggers
I was afraid of the calm before the storm
I was afraid for my own bones
I was afraid of your seduction
I was afraid of your coercion
I was afraid of your rejection
I was afraid of your intimidation
I was afraid of your punishment
I was afraid of your icy silences
I was afraid of your volume
I was afraid of your manipulation
I was afraid of your explosions
I have as much rage as you do
I have as much pain as you do
I've lived as much hell as you have
and I've kept mine bubbling under for you
you were my keeper
you were my anchor
you were my family
you were my saviour
and therein lay the issue
and therein lay the problem
and therein lay the issue
and therein lay the problem

 


Alanis Morissette

 
- - - - - -

 

 

MY Twin Sold

 


I was afraid of your look


I was afraid of your love


don't seduce me anymore forever more


I am afraid

 


MAR





Às vezes somos aquilo que não queremos e desejamos aquilo que não nos é possível.
Na maioria das vezes o mundo e os outros desiludem-nos nas nossas intrínsecas crenças, mas será sempre pior a desilusão do próprio, mais imperdoável, o acto auto-criticável que sabemos que cometemos e o não depender de uma vontade racional o de como não cometer aquele pecado.
Às vezes só quero descansar o corpo em casa e estar comigo mesma.


quinta-feira, março 25, 2004



Are you still mad
?




Are you still mad I kept you out of the bed
Are you still mad I gave you ultimatums
Are you still mad I can compare tou to all of my fourty years old mail friends
Are you still mad I shared our problems with everybody
Are you still mad I have emotional affairs
Are you still mad I tried to mould you into who I want of you to be
Are you still mad I didn't trust your intentions
Of course you are
Of course you are
Of course you are
Of course you are
Are you still mad that I flirted when I was highly
Are you still mad I had a tenancy or money
Are you still mad that I have one foot out the door
Are you still mad that we slept together even after we had ended
Of course you are
Of course you are
Of course you are
Of course you are
Are you still mad that I were the pens most of time
Are you still mad that I seemed to focus on and on in your potential
Are you still mad that I ruined the legendary you
Are you still mad that I gave up long before you did
Of course you are
Of course you are
Of course you are
Of course you are


Alanis Morissette




Ainda agora chegaste e o que me trazes não me chega...


terça-feira, março 23, 2004



O homem que eu quereria não existe porque teria de ser demasiadas coisas e algumas talvez mesmo incompatíveis dentro da mesma pessoa, ou entre si mesmas.
Cá vai e não na ordem que as ideias me surgiram:
 
- professor universitário, escritor, pintor, fotógrafo, arqueólogo, pelo fetiche por profs, escritores e pintores, por ter de ser inteligente, porque odeio gente burra, porque tem de ter um ar negligé mas na linha do fashion stile confortável
- tem de ter um jipe e não, não é um jeep, muito menos um range rover, discovery, ou sei lá, tem de ser de preferência um UMM se não houver, então uma daquelas carrinhas de caixa aberta giras e cheias de cor, porque gosto de conduzir coisas que não se virem às cambalhotas sem mais nem menos
- arrogante q.b. porque gosto de pessoas auto-confiantes e cheias de amor próprio
- marinheiro, porque gosto do tom de pele, olhos azuis, porque gosto e porque em geral também gostam de mim
- que goste de todo o tipo de eventos culturais porque eu adoro e faço por ir
- atrevido, divertido, cómico q.b., extrovertido q.b., porque eu não sou
- lobo solitário, porque não gosto de colas e de falas-barato
- que goste de dar e receber abraços, porque acho que os dou e recebo bem
- sonhador e amigo de fazer surpresas, porque sonho sempre com surpresas que nunca acontecem
- genuíno porque se há algo que não perdoo é a mentira e a falsidade
- do signo aquário, sagitário, touro, escorpião porque são os signos das pessoas eternamente apaixonadas, inconstantes e agarradas à vida
- humano e generoso porque sou e porque ainda sonho ir a África ser missionária e voluntária, sem ter de pregar aos peixinhos e muito menos sozinha
- calmo, carinhoso q.b.,  para que desperte em mim o lado que mais me custa a fazer sobressair e que tenho
- quase que assexuado, porque estou farta de homens que só olham para mim e pensam “já comia algo...”
- educado, educação britânica e arrumado, mas não metódico, porque para bagunça já chego eu e porque gosto que me abram as portas, me alcancem a cadeira, etc etc
- acima dos 26 anos e isto é mesmo o miníno porque não aturo amigos de putos com a mania que são engraçados e convencidos da sua enorme e balhofeira graça e que aguentam noitadas até às dez da matina
- partilhador de vida, da sua e dos que lhe são próximos porque sou uma cusca natural, mas porque pelas pequenas coisas gosto de me aperceber se algo não vai bem e porque odeio secretismos
- bem sucedido, a seu ver porque odeio gente que se está sempre a queixar do emprego que tem, seja ele de administrativo, técnico, ou presidente, não interessa MESMO
- que seja aventureiro, insubmisso e insatisfeito, porque sou e gosto de quem também o é
- romântico q.b., ordinário só em poucas ocasiões intímas, romântico porque a relação que não tem o seu lado romântico, são dois amigos que vão ao cinema e nem todos, ou são duas pessoas que se juntaram mas que não alimentam o crescente de uma coisa a dois
- galanteador porque sou mestre na arte de ser galanteada
- fiel e expositor de sentimentos, fiel a sentimentos e não a relações e que os me exponha para que possa ser sensitiva no bom e para o mau
- que seja livre e descomprometido, sem mágoas do passado, pois ninguém merece "levar" com dores e medos do passado e de outro modo não seria possível ser-se feliz
- ter uma cabana NA praia com água quente e uma cama enormeeeee porque adoro o mar e tenho de tirar o sal do corpo e porque adoro adormecer a ouvir o mar
- que goste essencialmente de mim como sou e não me veja pela embalagem que dá a imagem que todos acabamos por transmitir
Difícil, hein?




Hoje precisava de uma prova de amor
um búzio a dar à costa da praia ao pôr do sol
no instante de uma lágrima.


segunda-feira, março 22, 2004


Descobri que o meu tipo de homem não é senão o "Metrossexual". Estereotipado claro... há coisas maravilhosas nos outros que não passam por isto mas se a isto juntarmos a alma talvez resultasse e ainda kilos de paciência... para mim claro!



domingo, março 21, 2004


21 de Março de 2004 - Dia Mundial da Poesia


PARA ATRAVESSAR CONTIGO O DESERTO DO MUNDO


Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento
 

Från ”O Livro Sexto”, (1962)
Sophia de Mello Breyner Andresen


21 de Março de 2004 - Dia Mundial da Poesia


 

Redacção

Uma senhora pediu-me
um poema de amor.

Não de amor por ela,
mas «de amor, de amor».

À parte aquelas
trivialidades «minha rosa, lua do meu céu interior»
que podia eu dizer
para ela, a não destinatária,
que não fosse por ela?

Sem objecto, o poema
é uma redacção
dos 100 Modelos

de Cartas de Amor.


Alexandre O'Neill



A descrição perfeita de um dia na vida ou de uma vida nem sempre passa inteiramente por uma música, pode descrever o momento, mas não se aplica ao sentir devaneante de pessoas à margem, como muitos de nós, no entanto O CONCERTO trouxe-me à memória que, primeiro estou velha, pois que até comentámos que os ordinários dos sub-21 andam giros, fashion e deveras proibitivos, talvez por não haver pachorra. "A gente vai continuar" dá-me o alento e encaixa que nem gorro na minha cabeça confusa e complexa, é pena que o autor não dê sempre concertos assim, maravilhosamente estonteantes, deixando a saudade de voltar sempre a ouvi-lo.



A Gente Vai Continuar




Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar


 


Jorge Palma


sábado, março 20, 2004


Pretendo, apesar de tudo, continuar viva e a viver e só por causa disso "bute" (sim eu também digo bute) ver Mafalda Veiga e Jorge Palma ehhh - é o que dá ser amiga da namorada do vocalista dos OVO, que também lá vão tocar e que por sinal, sem estar a dar graxa são bastante audíveis :), portanto divirtam-se, pois sempre vale a pena tentar desanuviar, "curtir" o dia e a noite também, o que interessa mesmo é que Bin Laden e seus compinchas, crentes e seguidores não nos consigam meter medo e continuemos a ir ver e ouvir o que realmente queremos ir ver e ouvir!
As bombas, tal como a poesia, penso nisso depois, primeiro arrumo ideias divertindo-me, que afinal é para isso que trabalhamos todos cinco ou, seis ou, sete dias na semana.


sexta-feira, março 19, 2004



E se eu te dissesse que um dia acreditei que poderia ser tanta coisa e que a qualidade de pseudo-adulta que em criança me deu a capacidade de sonhar que em grande iria poder tanta coisa, me tirou exactamente essa crença, essa fé, às vezes até em mim mesma?????




Momentos do dia (que já lá vão)


é tão bom sentir-te..... todo eu reajo a essa memória...


quinta-feira, março 18, 2004



Aguardo a tua carta, aquela que apeladidaste de urgente, sabes a minha morada, um dia ela chegará, quem sabe por mão própria, ou anónima em cima de uma mesa num qualquer sítio habitual que saibas que uso ir, aí talvez a dor se desvaneça, ou, de vez, se materialize. Aguardo-te as palavras, mesmo que em silêncio, uma folha em branco, ou somente uma frase, qual síntese em flecha certeira e matadora de um vício, uma esperança vã.



quarta-feira, março 17, 2004



Há pessoas que não vão nunca entender que o dar tudo por tudo é pura e simplesmente ser louco ao ponto de CAGAR NA MORTE, mesmo que esta esteja à nossa porta todos os dias e assim continuar a pregar-lhe partidas e a sair pela janela.




Dança somente ao sabor da lua para mim.


terça-feira, março 16, 2004



Nada do que tenho é realmente meu, nada é insubstituível, nenhuma verdade é absoluta, nenhum ser humano é imortal, nenhum amigo é garantido, nenhum amor é para a vida, nenhuma felicidade é eterna. E tudo isto me assusta no dia-a-dia de uma vida que cada vez, sinto, mais, fugidia.



segunda-feira, março 15, 2004



Tenho uma amiga com uma ansiedade crónica diagnosticada cedo na vida que hoje está a mãos com uma depressão que entendo. É uma amiga muito querida, porque me apoia sempre e quase nunca, ou nunca mesmo me critica nas maiores asneiras e erros que cometo, nas minhas desventuras muito à frente. Ela é logo muito à frente, pelo menos para mim, é que eu fui educada com profundos valores nortenhos e ela é daquelas hiper-fashion girls lisboetas que aos 14 já fumava umas cenas ilegais e hoje em dia é só a namorada de uma pessoa que profissionalmente não tenho muitos reparos a fazer e que consta das lides das personalidades públicas, aliás esta minha amiga é quase já uma outra personalidade pública, dá voz a uma cena, numa instituição nacional de renome todos os dias da semana e acaba mais dia menos dia por ser reconhecida como voz. No entanto, esta minha amiga é do mais inseguro que conheço, do mais tímido e com mais falta de amor próprio que existe. Acha quase sempre que não tem o que merece, acha-se sempre a pessoa mais infeliz do mundo e não acredita na velha máxima que todos usamos para nos reconfortarmos de que há pessoas a morrer de fome e sem tecto e com doenças fatais, etc, etc, pelo que essa pedagogia por mim tão usada de mim para mim e de mim para os outros, com ela não resulta.
Esta minha amiga é uma miúda dos sonhos de qualquer homem, representa o estereotipo de mulher quase que independente cedo na vida. Mas teve o azar de nascer propensa a depressões e de não ter a força de viver que eu tenho. Na vida aconteceram-lhe metade das coisas más que me aconteceram a mim e, no entanto, está quase prontinha a ser internada numa "casinha para malucos". Há tempos esteve de baixa duas semanas em casa porque estava com agrofobia, depressão, crises de ansiedade, etc etc. Ela anda num psiquiatra que não sei o nome, para aí há dois anos, que não sei porquê não me inspira nenhuma confiança, pois a meu ver nenhum médico que não teve sucesso na estabilização de uma doente que vê e trata regularmente há dois anos, merece o meu crédito.
Às vezes dou por mim a pensar que tenho uma doença das ditas normais da sociedade de hoje em dia, por ser uma doença do stress pós-moderno, só que outras pessoas com a mesma doença que eu, mantêm-se agarradas a medicamentos diários e a várias baixas-médicas anuais. Sofrem de transfusões de sangue, ganham vários tipos de fobias e desconfortos sociais, serão sempre incapazes de lidar saudavelmente com uma parte do seu corpo vital e importante mesmo sexualmente, mas como explicar à pessoa com quem se está casualmente que não se gosta de determinado tipo de coisa, porque mesmo ali ao lado pode reparar que algo no meu corpo não está bem ou está a mais?
Ora, eu que tenho isto desde os 7 anos de idade, aliás nesta idade estive a morrer, (sabia lá eu) pois o peso do meu corpo não era o suficiente para me suportar e se não fosse a minha avó a ir contra as ordens médicas eu tinha morrido naquela idade mesmo, só que na escola primária nós percebemos que somos diferentes, mas não que estamos doentes, queremos demasiado jogar ao berlinde e à apanhada para pensar sequer que temos algo que nos pode matar por dentro e consequentemente por fora, tudo isto só teve consequências graves físicas e conscientes da minha percepção do algo extremamente errado em mim, aos 18 anos e que só tipo aos 24 comecei a ser realmente observada (e só aí me consciencializei que algo em mim não estava bem), para ver o que raio era definitivamente aquilo que me impedia de andar de avião, sair para longe de casa, ir até aos copos com os amigos, etc etc.
Ora que aos 18 anos fiquei um ano a chorar baba e ranho por estar incapacitada de fazer uma vida normal, hoje em dia sei que se deveu à evolução da doença ao seu ponto de primeira paragem, depois do primeiro estrago, (tipo artrite quando se está a desenvolver e a deformar os ossinhos todos e notamos que as mãos estão a ficar montruosamente feias) aos 24 anos estive 3 meses ou mais enfiada em casa, para a evolução da segunda parte da doença e para "deixar" que estragasse o que tinha a estragar, isto está estudado e hoje em dia sei que é assim, que é suposto existirem estas fases, mas sei porque estudei, eu mesma, sozinha, na net o que raio é isto e o que o delimita, pois nenhum dos 4 ou 5 especialistas me disse, "tenha calma que isso dura um tempo mas depois do estrago, fica com as mazelas, mas pára a incapacitação da evolução". Se me tivessem dito isto, seria tão mais simples, uma mera frase, eu não teria entrado em parafuso e nem teria chateado o meu namorado com uma depressão, pensando que iria ser sempre assim e que cada vez menos iria poder sair de casa ou que a cada dia iria piorar e deixar de poder ver os meus amigos. Mas não, a classe médica parece que gosta de guardar certos segredos para si mesma e receitar drogas químicas a seu belo prazer e o doente que as tome e acredite cegamente num diagnóstico.
Hoje em dia, eu tenho a opinião que há doenças, senão a maioria delas, cujo peso do controle emocional e psiquíco sobre o físico doente é de uma enorme importância e por tudo isto, para aí desde os meus 26, 27 anos parei de tomar o que quer que fosse regularmente e decidi que haveria de ter e fazer uma vida dita normal, custasse o que custasse.
Isto tudo para chegar onde?
Esta minha amiga que está agora a passar por uma fase do piorzinho que há, tem controle sobre as suas necessidades primárias, sabe que nada de anormal o seu físico lhe vai pedir ou incapacitar de fazer, assim tipo de um minuto para o outro, como já me aconteceu, sabe que os ansiolíticos fazem mal e destroem a massa cinzenta, sabe que os anti-depressivos não são uma solução para a sua vida toda, no entanto nada intenta na luta contra uma coisa que é neuro-nervosa-psicológica, que poderia fazer um esforço para o auto-controle e o auto-bem-estar, mas não, deixa-se enterrar até às pontas dos cabelos numa tristeza infinitamente destrutiva, enquanto que aqui a je sobrevive o dia-a-dia, sem saber nunca se um belo dia de sol ou chuva vou acordar e vou direitinha ao transplante...
Qual será a atitude a tomar com uma amiga assim?
O que se diz a uma pessoa que tem um nervo mau dentro de si, mas que nunca experimentou a luta para ter uma vida normal, porque o seu corpo não deixa? Que nunca destruiu relações, vocação profissional, algumas amizades, discutiu com a mãe, o avô, o irmão e foi infeliz, à pala de não ter coragem de explicar: hoje não posso sair, pois tenho de perder um litro de sangue em casa, tá? E desculpem lá ao mesmo tempo não poder estar num qualquer café a tomar sol e a beber imperiais...





domingo, março 14, 2004



O teu olhar fura-me e penetra-me,
assusta-me a maneira como me olhas,
tens um não-sei-quê de perfurante.
Mas agora que vi o quão bonito és,
por de trás da tua beleza exterior,
trespassaste-me no fundo do coração.




sábado, março 13, 2004

...despida de ti avanço no espaço em que tu não estás, nem virás aquando da partilha dos momentos de mim que te queria ver olhar...


sexta-feira, março 12, 2004



estou nua
sinto isso
e não sei se é assim que me amas
nua aos teus olhos
eu mesma e nada mais...



quinta-feira, março 11, 2004


Momentos do dia


 


tantas perguntas.... e tu, que respostas me dás?

 


falo do que me apetece agora!


e apetece-me mesmo muito....


apetecia-me provar-te agora.


quero que me apeteças dentro de ti, calado

 



 


Momentos do dia


Momento III


"a única coisa que me desconcerta é a distância que crias depois de eu estar em ti."


Momento IV


"receio sempre o sentir"


quarta-feira, março 10, 2004



M e D o S

Tenho medos às vezes
MEDO DE TI
medo de mim
medo de não ter sono
medo de não dizer amo-te
medo de morrer sem tempo
medo de não conseguir ser feliz
medo de uma e outra vez ser magoada
MEDO DE UM TI
medo de que chegues tarde à minha vida
medo de estar por estar e não quereres ficar
medo de não ser amada, ou pior, mal-amada
medo que não gostes de um eu que realmente o meu
medo de amar, amar e ser sem resistir mal-respeitada
MEDO DE MIM
medo de ficar assim sozinha e não, somente, feliz e só
medo de querer-te demais, proteger-te demais, amar-te demais
medo de me viciar em ti e não mais suportar a vida quando te fores
medo de me habituar assim, carapaça em fel, disfarce de um doce e frágil eu

M E D O que os medos sejam estes, igualmente de mim para ti e de ti para mim...

 



MAR em 9 de Março de 2004

 



terça-feira, março 09, 2004


Gostei do modo como sou apresentada aos outros e ao mundo em geral




azuldomar


... Domingo, Fevereiro 08, 2004. Se o azul do teu mar dissesse o meu cheiro um dia esperar, eu viria caminhando pela areia para ti... # posted by Mar @ 9:24 PM. ...

azuldomar.blogspot.com/ - 60k - 7 Mar 2004 -

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Páginas Semelhantes





Porque raio insisto em relembrar-me vezes sem conta de ti num duche?
Porque me chegas à memória sem apelo, nem pré-aviso?
Porque és tudo aquilo que eu não deveria nem sonhar, nem querer?
Porque queres ser calquite na minha cabeça já tão confusa?
Porque não me deixas dormir em paz, logo eu que sempre gostei tanto de dormir?
Porque vens e voltas e vais e retornas e insistes em ficar sem sentido?
Porque há a vontade, a saudade, o sentir, a mesma presença, se não te vejo há que tempos?
Porque não sou em ti aquilo que teimas ser em mim, assim, sem toque, sem cheiro, na distância?
Porque não partes de uma vez e vais num todo sem deixares a porta encostada?
Porque retornas sempre, ambíguo mas presente, rarefeito, instante, imagem fugidia?


segunda-feira, março 08, 2004


Momentos do (que me foram dados a ouvir) Dia

 


Momento I


é um gostar de estar e um receio de descobrir.



Momento II


apetecia-me provar-te agora.

 




A alma nem sempre nos dá aquilo que realmente queremos, acreditamos, necessitamos dizer. Às vezes a alma anda perturbada, virada do avesso e prega-nos partidas à noite, obriga-nos a ver sonhos que para a nossa vida não aspiraríamos.


domingo, março 07, 2004



É ao domingo que mais te sinto a falta... mesmo que saiba que em mente estás comigo, não me chega, aspiro a mais, desculpa, mas queria só um pouco mais de ti, em fatias, divididas pelos dias da semana, que fizessem com que finalmente conseguíssemos dormir, um com o outro, somente sentindo o nosso cheiro e nada mais...



sábado, março 06, 2004


Sábado:
dia de arrumar, a casa, a vida, os amigos, longe dos amores... dos atropelos, da confusão, dentro da nossa própria cabeça.


sexta-feira, março 05, 2004



E se um dia eu não estiver parada numa qualquer fila do trânsito de uma cosmopolita cidade, não vou poder pensar este sentir estranhamente nauseabundo e prazenteiro de uma saudade teimosa em não se ausentar de mim.
E se um dia eu não respirar este monóxido irrespiravelmente atractivo talvez já não delire em textos sem sentido a falar de um ti inexistente.
E se um dia eu estiver verdadeiramente enraízada numa paz de caampo há muito sonhada, estarei feliz, mesmo que só.
E se um dia me vires parar de avançar, num sonhar intranquilo, não deverás pensar que o meu interior murchou, pensa antes que parti e nasci noutro lugar, onde a água é pura e o oxigénio não vai acabar, num planeta onde irei dar à luz, sozinha ou acompanhada, amando sempre...




quinta-feira, março 04, 2004



Hoje já não acredito mais no amor... porque o amor tem que ser bonito mesmo que feio por fora e eu não acredito mais em coisas bonitas por dentro. Porque quando desejo o meu desejo é inteiro, mesmo que não o concretize em palavras, em actos, em demais coisas exteriores, por dentro quando quero, quero tudo o que vem num pacote, mesmo que bonito por fora e menos bonito por dentro.
Hoje já não mais acredito em actos, palavras ou presenças, se me dizes que me gostas mostra-me, se não me gostas que assim seja, qual navegação no horizonte de longitude atrozmente longínqua, que nunca mais quero ver quem não me gosta. Sobrevivirei como sempre, cavalo marinho abandonado à sorte de uma maré vivida e movimentada pelas esquinas de uma vida, um dia apaixonar-me-ei por uma estrela-do-mar, ou aquela lapa do passado que se engraçou comigo e ali atracarei a vida inteira e não haverá corrente e nem maré viva que me afaste de um amor assim desencontrado ao sabor dos ventos e da vontade das luas...




quarta-feira, março 03, 2004



A espera



A espera por mim é a lembrança de um talvez ser
os olhares que escrevi lacinantes na areia longínqua
provoquei-os na lembrança mas nunca na espera
exausta e naufragada na praia de um mar azul
joguei com o corpo no jogo do talvez sofrer.
Sempre te lembras de mim, eu sei, pelo tempo
através das névoas dos pensamentos indesejáveis
mas a espera de me amares sempre será inatingível
demasiadamente tarde neste azul sentir sem ti, o mar.
Cortante o querer foi-se assim qual luminosa espuma
de onda furiosamente rebentante em mim certa.
Querer-te foi talvez o desejo que sempre tive, tarde demais
que nunca te disse na amargura de uma solidão minha.



terça-feira, março 02, 2004



Basicamente sempre pouco me interessou o que os outros possam, ou não, pensar de mim, hoje então, mais que qualquer outro dia deste novo ano, de um suposto novo ciclo!
Quando não durmo decentemente por maus motivos fico assim, qual madalena a fazer-se quase de vítima a precisar de um colo que não seja o regaço amigo, por favor... mas o carinho doce de quem nos gosta por inteiro e de todos os modos e feitios, para todos os fins reais e inimagináveis, fiel a um sentimento para lá da pura amizade.
Às vezes não gosto de acreditar, mas há mesmo dias em que não devíamos decididamente "ser obrigados" a sair da cama e o melhor seria mesmo dormir profundamente as dez horas que passámos fora de casa e principalmente não ver ninguém, não falar com ninguém, que ninguém me visse... era tão bom!
Há noites que nem os verdadeiros amigos, que conhecem o nosso mais profundo âmago, conseguem alegrar.
Há dias em que encontro "vagabundos" em caixas de multibanco e oiço-os, falando com eles, são sempre loucos, por comisseração na vida e sempre notória e intrinsecamente infelizes.
Há dias, ou mesmo noites em que me sinto mais assustadoramente semelhante do "pedinte de rua", do pé descalço do bairro que propriamente dos demais engravatados ou das tias estridentemente fluorescentes.


 


MAR em 1deMarçode2004



segunda-feira, março 01, 2004



Ouvi dizer que ontem deu na televisão o filme "Out of Africa", tenho imensa pena de não o ter visto pela centésima e qualquer coisa vez, mas se calhar foi melhor assim, não estava decididamente nos meus dias. Ainda este Natal deu e estava eu a embrulhar algumas prendas de última hora, quando um diálogo junto ao lago acontecia e perguntei "está a dar o Africa Minha?" a minha mãe espantada, pois que nunca haveremos de falar com as nossas mães acerca dos filmes das nossas vidas, mesmo que de tudo falemos, respondeu "é, sim, como sabes?", "por nada, reconheci a voz e o que se está a dizer". É tão raro eu dizer isto de seja do que for que o espanto foi geral, retirei-me de surra para o quarto acendi a TV e lá estava eu a chorar aos potes, sem razão aparente, sem motivo, ou, talvez com alguns, recônditos, inadivinháveis, até mesmo para mim.
Os filmes que nos marcam são sempre histórias que muito têm a ver com a vida que sonhámos, gostaríamos de ter tido e, quando nos apercebemos que essa vida seria triste, ou que nunca vamos conseguir tê-la nossa, choramos, porque queríamos ter vivido com aquela força, aquela intensidade de amor, aquela aventura, aquela solidão acompanhada, aquela fazenda em África.
Africa é um continente de sonhos, em geral irrealizáveis e sofridos, mas sempre intensos, porque pintados a cores de pastel intenso qual Gauguin. Um sítio ainda com lugares virgens e inabitáveis, só possíveis de sentir numa belíssima fotografia através deste filme. Não suporto a ideia de pessoas que repugnam um continente belo de pessoas, animais e natureza, não suporto a ideia de que tudo o que há ainda por lá possa um dia deixar de existir.
O mistério da raça humana, das pessoas em si mesmas, do amor, da vida, do esforço de viver, do amor na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, transmitido nas muitas entrelinhas é tão natural quanto o desejo de voar, ver de perto, tocar, beijar, sentir, amar.
Houve tempos em que jurei que o concretizaria, um dia... Hoje penso que se tiver a sorte de visitar o continente Africano por um mísero mês já terei de me dar por muito feliz.
Não me considero uma pessoa triste e muito menos infeliz, sou taciturna e reflexiva, pondero tudo, não na promiscuidade de pensamentos actuais, creio pensar sempre em como fazer para os outros não magoar, ou nunca chegar a passar a barreira do entristecer desnecessariamente e nem querer dizer o que acaba por marcar o pensamento de alguém negativamente por uma vida, tento ter cuidado no uso das palavras, no mais sério e critíco que tenha em assunto a dizer e conversar, não tenho a prepotência de achar que tenho sempre sucesso, mas tento, tento sempre e sempre tentarei. Um dia o cuidado que tenho com os outros há-de ter retorno e a conhecida "brutalidade nas palavras" de Karen teve o merecido e esplendoroso reconhecimento do valor que é só dela e por muitas vezes que eu veja o filme ou oiça a banda sonora, usando-a para reflectir repetidas vezes nos menos bons momentos de vivência, saberei sempre destrinçar que aquela não será nunca, nem de perto, a minha vida e, que por muitas aventuras a que me dê, não serei nunca Karen.
Karen Blissen é uma história verdadeira de alguém contraditório, mesmo no ser e não ser feliz, mas com muito do que acredito e quero. Amou, foi amada, quis amar, quis viver, viveu. Não se arrependeu de nada do que disse e fez. Hoje há poucas pessoas assim que fazem como fez, que falam sem pensar, na honestidade talvez para alguns medonha de dizer o que se sente nas entranhas parecendo que quem assim é o faz irreflectidamente, quando o dizer no honesto sentir é em si mesmo sentir o que se diz.
Nada creio que de mais belo há que uma vida plena do que desejamos e do que só não tivemos porque não nos foi dado e não porque não tentámos, ou não desejámos roubar ninguém a ninguém...
Um dia acreditei ser assim, um dia quem sabe, serei assim, hoje não sou...
Algum dia direi mais...





Amiga




 



Florbela Espanca




 



Deixa-me ser a tua amiga, Amor,
A tua amiga só, já que não queres
Que pelo teu amor seja a melhor,
A mais triste de todas as mulheres.

Que só, de ti, me venha mágoa e dor
O que me importa, a mim?!  O que quiseres
É sempre um sonho bom!  Seja o que for,
Bendito sejas tu por mo dizeres!

Beija-me as mãos, Amor, devagarinho...
Como se os dois nascessemos irmãos,
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho...

Beija-mas bem!...  Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos,
Os beijos que sonhei prà minha boca!...




 

 


 


NICK CAVE

"Are You The One That I've Been Waiting For?"



I've felt you coming girl, as you drew near
I knew you'd find me, cause I longed you here
Are you my destiny? Is this how you'll appear?
Wrapped in a coat with tears in your eyes?
Well take that coat babe, and throw it on the floor
Are you the one that I've been waiting for?

As you've been moving surely toward me
My soul has comforted and assured me
That in time my heart it will reward me
And that all will be revealed
So I've sat and I've watched an ice-age thaw
Are you the one that I've been waiting for?

Out of sorrow entire worlds have been built
Out of longing great wonders have been willed
They're only little tears, darling, let them spill
And lay your head upon my shoulder
Outside my window the world has gone to war
Are you the one that I've been waiting for?

O we will know, won't we?
The stars will explode in the sky
O but they don't, do they?
Stars have their moment and then they die

There's a man who spoke wonders though I've never met him
He said, "He who seeks finds and who knocks will be let in"
I think of you in motion and just how close you are getting
And how every little thing anticipates you
All down my veins my heart-strings call
Are you the one that I've been waiting for?



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