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sexta-feira, abril 30, 2004



Sempre soube amar para além da dor,
para além da minha dor, interior,
só minha que não a sei explicar
hoje creio que se calhar já não sei
já não sei se sei amar.



quinta-feira, abril 29, 2004


Serei eu blue-sea-is-me


ou serei blues-a-mais?




Somos todos pedra, poesia, mar, tristeza e saudade, ou temos a mania que o somos, mas não mexemos uma palha pelo que não concordamos, no entanto buzinamos que nem loucos ao condutor perdido em Lisboa que não sabe se quer ir para a esquerda ou para a direita, atarantado a tentar ler placas indecifráveis e sem poder pedir ajuda a outros que furiosos sem razão tentam ultrapassá-lo ou passar-lhe por cima. Se calhar, somos, no fundo, frouxos, frustrados, vencidos, sem ambição, mal educados e claro tristes e saudosos de um mar de 1500 e da coragem que tivemos em tempos que se dizem gloriosos.


terça-feira, abril 27, 2004


Só há pouco conheci que sermos nós mesmos também dói e teres tido medo de seres tu, comigo... por teres medo de ser feliz... doeu-me e ainda me dói.


segunda-feira, abril 26, 2004



Há coisas que não estão apenas erradas, estão além de tudo e pior, mal.


domingo, abril 25, 2004



E porque é 25 de Abril e nem tudo corre sobre as ditas rodas da tolerância, liberdade, paz e educação,... que venham os cravos e nos libertem das masmorras de uma democracia hipócrita!

 


O 25 de Abril em reflexão...

 


Abril com "R"
Trinta anos depois querem tirar o r
se puderem vai a cedilha e o til
trinta anos depois alguém que berre
r de revolução r de Abril
r até de porra r vezes dois
r de renascer trinta anos depois
Trinta anos depois ainda nos resta
da liberdade o l mas qualquer dia
democracia fica sem o d.
Alguém que faça um f para a festa
alguém que venha perguntar porquê
e traga um grande p de poesia.
Trinta anos depois a vida é tua
agarra as letras todas e com elas
escreve a palavra amor (onde somos sempre dois) escreve a palavra amor em cada rua e então verás de novo as caravelas a passar por aqui: trinta anos depois.


 


Manuel Alegre






Ouvi dizer, um dia, que os bébés gostam de adormecer a ouvir música clássica e que a sua audição desenvolve a imaginação e construção celular ao nível do quoficiente de inteligência.
Quanto aos bébés nada posso afirmar, quanto a mim mesma, garanto que o pensamento se torna mais claro e fluído, resultando em ideias claras que não se atropelam, gerando uma calma interior que jamais consigo com outro "tipo" de música.
A teoria pode não ser muito boa, pois a música sempre teve em mim o efeito viciante de querer mais e sempre mais, sendo que a minha mãe era completamente viciada em todo o género de música, o meu avô tinha algumas das grandes sinfonias de Beethoven, seguidos de bons Lp's de um grande orador, João Vilaret, que apesar de ter morrido em 1961, para mim estava vivo após 1975.
No entanto, o meu parco exemplo tinha em bébé - creio que desde o meu nascimento - uma caixinha de música que tocava incessantemente uma melodia de Mozart que me acompanhou até por volta dos 14 anos... nesta altura delirava ouvi-la incessantemente no eco do casarão de Vila Real de Trás-os-Montes.




Hoje compreendo que os amigos que tenho são raros (mas que isso não é um "defeito" - é suposto na evolução da vida perdermos alguns pelo caminho), comparativamente com o sucesso e a montanha da escola, mas acredito que os que tenho dariam a vida por mim, se necessário fosse.


Início de Domingo ao som de Carl Orff - Carmina Burana


sexta-feira, abril 23, 2004



Hoje, um post mais ou menos descontraído, dentro do que me é possível, ou pelo menos do mais corriqueiro que há.



Defeitos de Aquariana (ou meus, como quiserem):



(prelúdio: não sou muito boa a falar das qualidades, nem aceito muito bem quando me são referidas)


- não gosto de falar de afectos, nunca gostei
- não deliro quando me falam de afectos por mim, prefiro sempre os actos às palavras
- sou teimosa, sempre fui, sempre hei-de ser
- aceito que me apontem defeitos desde que tenham razão
- odeio gente que acha que pôs preto no branco as regras a serem seguidas e depois volta atrás na - palavra e “afinal também já não se pode…” vou aos arames
- prefiro gente bruta e honesta e simples, a gente snob, plena de manias e achar que vale mais que os outros
- odeio pessoas indecisas em que campo seja
- não tolero cusquices, não as venham falar comigo, jamais, os boatos são a origem de todas as malvadezes que andam por aí soltas
- escolham outra pessoa para se armarem de vítima, terem pena de si mesmos, ou estar sempre a dizer que a vida lhes corre mal, simplesmente não tenho pachorra
- não se me insinuem se realmente não têm um propósito sério, não gosto de brincar aos médicos e ser a paciente ou o objecto de estudo
- não alinho em cenas puramente físicas com ninguém
- não me façam surpresas, odeio surpresas
- não me desiludam, nunca mais recuperarão a imagem que tive anteriormente
- não me façam crer em coisas que eu não acredito é total perda de tempo
- não me obriguem a ler um texto e a criticá-lo, porque acho demasiado delicado fazê-lo
- não me peçam opiniões sobre si mesmos, custar-me-á sempre muito e não é da minha natureza conseguir dizer na cara de alguém que “não gosto disto em ti”
- não me deixem pendurada em situação alguma, porque sou pontual e quando desmarco coisas e encontros tento sempre fazê-lo mais que a horas
- não entro em disputas por nada e nem por ninguém, entrego sempre os pontos e não vou à luta
- não me desvalorizem constantemente como tentativa de alento porque o feed-back que vão ter é mesmo o desalento
- não tente mostrar-me o seu jipe, a casa de praia, a mota, o cão de raça, a camisa de marca, o relógio de mil euros para chamar a atenção porque o resultado será o desprezo total
- não me tentem impressionar com idas a sítios caros ou a restaurantes deslumbrantes porque o máximo que obtêm será um sorriso passageiro e nunca uma felicidade permanente
- não me peçam para aturar pessoas com fraca inteligência porque sou arrogante
- não queiram que eu seja simpática e afável num primeiro contacto porque o que vai obter é uma mulher do mais inatingível que já conheceu
- não me peçam para tratar por tu os outros porque só trato por tu as pessoas que estão dentro do ciclo dos meus mais queridos e insubstituíveis amigos
- não me digam que vá por ali, porque será exactamente o caminho contrário que vou tomar
- não me peçam favores uns atrás dos outros porque fugirei a sete pés
- não queiram que fique agarrada a alguém tipo lapa, pois é uma incapacidade que tenho
- não queiram que eu ria menos estridentemente porque não sou capaz
- não me olhem nos olhos a não ser que tenham algo mesmo sério a dizer
- não me peçam para esconder algo, mentir, porque essa não sou eu e vou acabar por me descair na óbvia honestidade que transpareço
- não queiram que eu tenha só um grupo de amigos porque não faz o meu género estar sempre com as mesmas pessoas
- não me critiquem por ter mais amigos homens que mulheres, pois são eles que me compreendem, elas em geral são bem mais fúteis e egoístas
- não estou feliz, mas também não chateio os outros com isso, posto sobre isso e pouco mais, pessoas lamechas – não, obrigado - não façam aos outros o que não querem que vos façam a vós mesmos, a não ser que seja mesmo um grande amigo
- não queiram que eu seja fiel a relações, porque só o sou a sentimentos, se eles existirem sem desilusões nunca serei infiel
- não me peçam para amar a cinquenta por cento porque não o sei fazer, ou amo e me apaixono, ou não amo, ou não me apaixono
- não queiram que escreva para os outros porque só escrevo para mim, é mesmo um acto egoísta



quinta-feira, abril 22, 2004


Não escrevo porque me repito
Não ondeio palavras ao vento
Não voltarei a dizer-te amor
Não mais vou olhar-te no mar
Não fico aqui nesta distância
Não sem ti
acolá
Não por um ti
na espera
Não eu
não tu
Não.


quarta-feira, abril 21, 2004


PAINEL PARA ROSALIA DE CASTRO


É um frio tremendo.
A água gela nas torneiras, a solidão
cresce com uma unha, uma sombra
atrai todas as camisas de silêncio, arde, é uma noite
encerrando os perigos da perdição, os ferros agudíssimos
do silêncio.

É um frio tremendo.
Perde-se o caminho de casa, a luz extingue-se,
pergunta-se pelo sangue e o sangue não responde, o sangue
perde-se aos borbotões na vida, não há caminho, não há
regresso, a sereia canta
no denso nevoeiro, mas não há esperança, a tempestade
é o único lugar, o único lençol, a voz velocíssima
entregando-nos sem rendição, entregando-nos.

Como uma agulha fecha-nos os lábios, ata-nos
as mãos, como uma agulha de silêncio, feroz, terrível,
cose-nos
contra as paredes e os olhos saltam, saltam, é um frio tremendo
onde tudo arde,
arde antiquíssimo, flecha no coração, solidão
descendo o braço, descendo devagar, espraiando-se

na terrível superfície do silêncio.




Amadeu Baptista






Deixem-me por favor sozinha neste meu mundo velando
A olhar a noite que para mim é demasiado castanha
Mesmo que me olhem como errada, no trilho para um nada

Deixem-me ir esbarrar contra o negro de mim mesma
Não se entreguem como me entrego, nem tentem ser como sou
Assim escorregadia no corpo amante sem sentido nem presença

Deixem-me comigo mesma, não questionem, nem tentem entrar
Sou aquela que não deveis querer para vossa, amante, amiga, amor
Risquem-me da vossa cabeça e não me dêem valor, façam de conta

Deixem-me estar, sem um eu, sem um tu, sem mais nada que amargue
Correndo e caindo, caminhando e tropeçando, fazendo e errando, constante
Inigualável, qual sereia que não existe e só se imagina, na solidão de um vasto mar.


MAR



terça-feira, abril 20, 2004


It's that desease of the age
It's that desease that we crave
Alone at the end of the race
We catch the last bus home

Corporate America wakes
Coffee republic in case
We open the latch on the gate
Of the hole that we call our home

Protect me from what I want...
Protect me protect me

Maybe we're victims of fate
Remember when we'd celebrate
We'd drink and get high until late
And now we're all alone

Wedding bells ain't gonna chime
With both of us guilty of crime
And both of us sentenced to time
And now we're all alone

Protect me from what I want...
Protect me protect me
Protect me from what I want...
Protect me protect me

Protect me from what I want...
Protect me protect me
Protect me from what I want...
Protect me protect me
 


PLACEBO - Protect Me From What I Want


segunda-feira, abril 19, 2004



Não choro, não creio já saber chorar
porque as pedras do caminho foram muitas
e as lágrimas que me iam caindo esgotaram-se
na linha do horizonte que me emociona
na morte de alguém que amei demais
Não choro na dor de não seres meu
não sei ir por aí sem sofrer, sem perguntar
mas sei andar sempre às voltas em retorno
de uma dor que não sei de onde me vem
talvez da tua ausência, ou da minha.

MAR em 18.04.2004




Come on Balthazaa I refuse to let you die
Come on fallen star I refuse to let you die
Cos that's wrong and I've been waiting far too long
It's wrong I've been waiting far too long
For you to be...be me...be...be mine
For you to be mine...be mine...for you to be mine
And it's wrong, I've been waiting far too long
It's wrong, I've been waiting far too long
For you to be...be me...be
All the centrefolds that you can't afford
Have long since waved their last goodbyes
All the centrefolds that you can't afford
You've long since faded from their eyes
So be...be mine

 
Placebo - Centrefolds





domingo, abril 18, 2004


Hoje quase chorei quando me perguntaram por ti, não te sei já há algum tempo, não me toca o telefone - mesmo que fingisse que nem tinha o teu número gravado, era de ti que eu queria ouvir todas as palavras.



I was never faithful
And I was never one to trust
Borderlining schizo
And guaranteed to cause a fuss
I was never loyal
Except to my own pleasure zone
I'm forever black-eyed
A product of a broken home
I was never faithful
And I was never one to trust
Borderline bipolar
Forever biting on your nuts
I was never grateful
That's why I spend my days alone
I'm forever black-eyed
A product of a broken home
Black-eyed
I was never faithful
And I was never one to trust
Borderlining schizo
And guaranteed to cause a fuss
I was never loyal
Except to my own pleasure zone
I'm forever black-eyed
A product of a broken home
Black-eyed


Placebo :: Black Eyed


quinta-feira, abril 15, 2004


Quem são as pessoas que gostam de ouvir os tambores que ronronam dentro?
Ninguém.
Como vamos todos correr na praia e não existe nem um boa tarde?
Em que cremos quando já não existe nada neste planeta puro ou em paz?
Porque caminhamos para um final já há muito sabido e não experimentamos mais um amor?
Onde queremos acabar depois da má palavra praticada ao ouvido do próximo?
Quem lê, quem pensa e reflecte, quem vai em busca de um eu interior e consegue encontrá-lo?
Quando vai acabar todo o reboliço de termos sempre de vencer obstáculo após obstáculo após obstáculo?
O que fazer quando se crê que já nada há a descobrir, a construir, a refazer, a conquistar?
Para onde? Para o quê? Para quem quero eu dar este palmo de sorriso, esta mão enrugada de ternura?
A ninguém.
Sou eu, sou como sou, escondida debaixo de um grão, a espreitar a novidade, a querer saber mais e conhecer, a estremecer com o batuque feroz de um tambor chamado coração precioso que me são os outros.
Por favor não me exijam mais, nem aspirem ao que não quero ser, nem dar. Nem nada, nem ninguém.
Deixem as marés vazar, o degelo acontecer, o mundo acabar, mas preservem o antídoto, a mão na mão que acalma qualquer que seja a ruga na testa preocupada com um futuro que já não existe.
Não me deixem o nada para alguém que já não sou.




quarta-feira, abril 14, 2004



Virá o meu amante hoje?
Não vem. Espero que nunca mais venha.
Por isso fui apanhar conchas na praia.
Gosto de pensar assim a vida de vez em quando.
Em paz, sem um barulho do dia-a-dia.
A areia debaixo dos pés e o som a ouvir-se.
O som que não sendo luz também não me ofusca.
Sou a saga de obedecer cobarde a um caminho
Que não é o meu e nem reclama do fracasso
Quero ser desacreditada do mundo brutal
E acreditada num areal por ti
Mas não, não vai ser, não sou amante de ninguém.



terça-feira, abril 13, 2004



Apanharia os teus búzios e conchas se os fosses deixando no rasto marcando caminho para que te pudesse seguir... ondeando pelo mar afora ao teu encontro, desejado!


segunda-feira, abril 12, 2004



Enquanto eu não amar
Vou sempre pensar em eternamente
Enquanto eu não acreditar
Vou estar sempre sem inícios
Enquanto eu não verdadeiramente beijar
Vou querer fugir e não dormir
Enquanto eu não sentir
Vou não fazer sentir em nenhum ti
Enquanto o momento não chegar
Vou olhar o mar em ondas de tristeza
Enquanto eu não sonhar assim
Vou caminhar mais ou menos para lugar nenhum.


domingo, abril 11, 2004



Um amigo meu de longa data diz que não estou bem, conhece-me há quinze anos precisamente, houve um tempo que nos afastámos, reaproximando-nos há coisa de três anos atrás, diz que sente que preciso falar. Talvez precise, talvez precise mais de fugir de tudo, de todos. Quando um amigo nosso repara que algo em nós não está bem, nós próprios começamos a pensar...
Porque andarei eu a sair do emprego às dezanove e tal, quando posso sair antes das dezoito?
Porque nunca estou satisfeita com o que tenho, a que nível for?
Porque continuo a trabalhar numa coisa que nada tem a ver comigo, com o meu curso ou com a remuneração que acho merecida após cinco anos e meio enterrada em livros?
Porque durmo mais que o normal, ou menos que o normal, mas nunca o normal?
Porque tenho pesadelos e acordo a meio da noite sobressaltada?
Porque emagreço e engordo, emagreço e engordo?
Porque acho que a minha escrita não vale nada?
Porque tenho a certeza que pus de lado a minha vida amorosa e somente saio com amigos e mesmo assim só ao fim-de-semana?
Porque estou horas na net, bloqueando toda a gente no messenger, não frequento IRC e nem salas de nenhum chat?
Porque quando me apresentam o amigo do amigo, ou vem parar aquele mail à minha caixa postal de "Olá! Gostava de te conhecer(...)" na maioria das vezes apago de imediato e das vezes que abro perfis só penso " - Que pessoa desinteressante!"?
Porque sei que tenho pessoas que me adoram, para além da afectividade de amigo e não estou minimamente interessada em explorar o mais além do que quer que seja?
Porque toda a minha família me acha esquelética e eu acho que estou bem assim?
Porque não consigo dar resposta concreta à pergunta "Estás bem?"?
Porque continuo a crer que a pessoa certa para mim não existe e por isso não páro de me questionar se algum dia vou ser feliz?
Porque me chateio com as injustiças à minha volta, mas nunca com as minhas próprias?
Mas e principalmente, porque raio tantas perguntas quando poderia simplesmente cagar no assunto e estar assim meses a fio sem sequer pensar nisso, sequer chatear-me com outros à pala disto, mas então porque todas as perguntas que me fazem e às quais nem sempre estou disposta a responder realmente me chateiam ou mesmo enfurecem?




Dormi imenso hoje, dormiria muito mais se tempo houvesse para mais... houve um dia que cheguei a gostar de mim como era, talvez hoje seja fútil e ignóbil ou demasiado reflexiva, mas o prazer de adormecer já não existe em mim, pois não acredito mais no adormecer naturalmente e o não acreditar no básico dos prazeres da vida, por não existirem num dia a dia feito de execução de tarefas com um fim demasiado à vista, fez de certeza com que sou o que sou e não ser o que sonhei para mim. O que quis para a reconstrução humana, acreditar, não aplico e os únicos dias em que realmente acabo por sorrir e fazer sorrir são estes, de mini-férias em família, a que me dá o conforto, a paz e o amor, tudo o que queremos todos ter e acretidar. Desculpar a lamechice pascoal, mas há coisas da alma, partidas que nos faz chegar aos dedos através de um teclado que não têm mas devem ser ditas.
Bom resto deste "santo" fim-de-semana.
Abreijos.


sexta-feira, abril 09, 2004



Não sabemos classificar o não estar bem a não ser com o "estou mais ou menos, obrigada", nunca soube explicar o porquê, mas eu nunca digo, "não, meu caro amigo, estou mesmo "down" (e isto para não desatar a dizer um churrilho de palavrões), lá em baixo, pior impossível, digo mais, isto dura há uns anitos, poucos", não sabemos explicar nunca o porquê, precisamos que outros o façam por nós, necessitamos de um médico especialista que nos diga que estamos doentes, IRREAL, porque sabemos bem, nós adultos, quando não estamos nada bem e até sabemos se puxarmos pela nossa linda cabecinha, se quisermos e estivermos dispostos a isso, saber qual o verdadeiro motivo, mas não o dizemos, nem a nós mesmos, andamos pela vida, uns anitos a responder "estou mais ou menos", ora nem isto é uma resposta e muito menos uma resposta conclusiva, com um fim à vista, com uma saída de um mais ou menos morno e, nem nós somos perfeitos, achamos sempre que podemos pedir aos outros o que pedimos a nós mesmos - o estar mais ou menos e não especificar nenhum problema de saúde ou outro. Acabamos a acordar todos os dias a crer que amanhã é que é, amanhã é que vou conseguir ser... genuinamente feliz e responder "estou bem, estou feliz".




quinta-feira, abril 08, 2004



Favor não entrar
favor não dizer que o amo
favor não fazer escutar sentimentos
favor não ligar nenhuma e deixar ir por aí
favor desligar-se do mundo ou não temos lar
favor não ficar por aqui todas as minhas noites
favor desligar a televisão - quero ir andar na praia
favor despir-se devagarinho que a sensualidade é bonita
favor desligar todas as chamadas em que eu hesite na resposta
favor amar se amar e se não amar que parta para o outro lado do mundo
favor ligar duas a três vezes ao dia e apanhar-me no trabalho para ir jantar fora
favor não vasculhar nem tentar moldar a minha vida, não serei inesgotavelmente misteriosa
favor não pedir filhos, porque não sei, favor não recear nem aceitar todas as minhas respostas mesmo que sejam não.



quarta-feira, abril 07, 2004



Sabes quando não tens vontade? Há uma prisão que se te revela. Um blog é tal e qual um tamagochi (nem sei se é assim que se escreve), tens que o alimentar, mantê-lo saudável e ordenado, bem educado de preferência, tem de servir de entretém aos olhos dos outros, estar no Top 100 dos sobreviventes e a luta continua e ó meus caros, eles comem tudo, os blogs mais picantes, mais reveladores da intimidade, até já há quem esteja a procurar de entre nós quem possa escrever um livro, um romance, uma colecta de poemas, somos os talentos incógnitos e à mostra de um clic.
E se eu for egoísta ao ponto de revelar que para mim é bem mais importante ler coisas que me toquem e escrever coisas porque o escrever escorre-me da alma, tal qual sempre me escorreu, com ou sem blog, desde por volta dos 14 anos? E que quero lá saber se me lêem, se me comentam, se são inteligentes ou audazes no que comentam, que quero lá saber se passei do top 100 para o top 10 ou para o top 1000, preferindo que a escrita seja a minha libertação e não um animal com sede de revelações cada vez mais chamativas de um público o qual não me interessa sequer que me leia?
E aí tendes a justificação de não ter fotos publicadas, da cor pouco variar, ou como diziam o outro dia - cansa ler-te, gosto, mas tens uma imagem já gasta, poderias ser bem melhor, o teu blog merece mais (algo deste género) - ora e eu respondo: e mesmo assim leu-me? Então, se calhar, é porque apesar dos apesares valeu a pena a leitura!!! Se a/o cansou, então dedique-se à pesca, boa?
É que caso não saiba todos os romances e outros géneros literários são escritos nas suas, mais coisa menos coisa, quatrocentas páginas, com o mesmo tipo de letra, a mesma cor, o mesmo tamanho, página por página e folha após folha e há pessoas que os conseguem ler "todinhos" e, pior, lêem uns atrás dos outros que nem sôfregos de mais um volume e mais um pastelinho de bacalhau, assim como que petiscando numa qualquer tasca de vila à beira mar, deliciando-se com meros parágrafos, para alguns monótonos e para outros devoráveis, palavra a palavra. Estes quero que me leiam, quanto aos outros, não, obrigada.
Bons posts.



terça-feira, abril 06, 2004



Sou só uma nota num piano vibrante das melodias nem sempre tocantes aos ouvidos dos outros.
Não sou o piano, este é a vida, a tecla o caminho, a nota o fim finito a que nos propuséramos.







Não me apetece escrever


não me apetece dizer

 


hoje dei por mim a olhar para fotos tuas


mesmo depois de tanto tempo

 


porque no final das contas todas as coisas,


todas as pessoas morrem sozinhas.


Algumas há que não deviam nem morrer


e muito menos sozinhas.




segunda-feira, abril 05, 2004


A vida é um inferno para alguns mas mesmo assim há alguns loucos por aí que acham que há nuvens no inferno no avazio que não sendo meu é de todos.


sábado, abril 03, 2004



Abololo – Marisa Monte
 

Abololo, abolocou e a saudade vem
Vem para lhe dizer
Que no peito
Há vazio há falta de alguém
Abololo, abolocou e a saudade vem
Vem para qualquer um
Qualquer hora
Por alguém que foi para longe
E já volta
Foi para não mais voltar
Gente que sente e que chora
Alguém que foi embora
Abololo, abolocou e a saudade vem
Vem para lhe dizer
Que no peito
Há vazio há falta de alguém
Abololo, abolocou e a saudade vem
Vem para qualquer um
Qualquer hora
Por alguém que foi para longe
E já volta
Foi para não mais voltar
Gente que sente e que chora
Alguém que foi embooooooraaaaaa




sexta-feira, abril 02, 2004




Não desejo abrir-te em dois e possuir-te loucamente
desejo mais, desejo ter-te meu no abraço na areia
desejo muito mais, desejo desejar ficar velhinha
não desejo nunca ser um resto só na cama
e que a quem por último tiver em destino amar
que seja em acordes de ondas e búzios roçando na areia
não desejo o homem poeta e menos ainda um mar meu
desejei nortenho vento na minha janela para o longo xisto
desejei mergulhar, fundir-me na tua pele e não mais sair
desejo-te desconhecido em sítio barulhento a passar bilhetinhos
passando entre as pessoas sorrateiramente até olhar em mim
desejo querer-te e não mais me querer ir embora, eternamente
não desejo dor, nem mágoa, nem passados, nem obstáculos
desejo que me sejas apetecível na medida em que te seja a ti
no caminho de ti para mim desejo que me desejes mais que a todos
desejo um sabor inesquecível, um toque arrepiante, um colo, uma paixão para a vida toda...

MAR em Abril 2004




quinta-feira, abril 01, 2004


não sei se já te esqueci
mas sei que já te tentei apagar de mim mil vezes
e sei que ainda não bastaram,
só não sei se bastarão mais mil.


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