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sexta-feira, outubro 31, 2003

A felicidade não se mede aos palmos... dêem-me um sorriso de criança e serei-o! Dêem-me uma casa bonita para comprar e eu serei feliz... dêem-me boas razões para amar a algo e alguém e o meu sorriso será a enorme recompensa, nas mãos de quem o souber receber.


 


 


quinta-feira, outubro 30, 2003

A minha mãe sempre dizia, nunca te hei-de bater, nem com as costas, nem com a frente da mão e, ai de quem te bata, te levante a mão. No entanto, ao mesmo tempo, duvidava e creio que ainda duvida dos amigos que tenho, pelo feitio difícil que me é inerente e, contra o qual nada posso fazer.


Sou da geração inconformada, daquela que não fumava cenas, que lia poetas menos conhecidos e romances fora de moda. Sou daquela gente considerada geração rasca e que se auto-considerou de pseudo-intelectual. Nunca noutra geração conheci tanta gente interessada em ler linhas enfadonhas, interessada em descobrir autores menos e mais conhecidos em desuso.
Mas, continua-se a afirmar que fomos os filhos dos hippies frustrados, que fumavam a erva a céu descoberto e que por isso acabámos por ter uma educação rígida, alertados que estavam os nossos pais na prática da vivência do perigo e do fora-da-lei. Assim fechámo-nos todos nos nossos quartos, a ler, a ler, a ler...


Como pode um país tão popular e popularista como o nosso, ou como dizia o outro - sermos "um país de poetas" - se caimos nas esbarrelas de todos os noticiários, quanto mais sensionalistas melhor, das mentiras, de Epidódio I, Capítulo II.
Será que ninguém percebe que notícias são para o fantoche do Zé Povinho (sem ofensa), ver?


quarta-feira, outubro 29, 2003

Como se explica que ninguém escolhe quem ama e nem ninguém gosta no mais fundo de si do sofrimento inerente ao acto de amar?


Uma paixão que tive há tempos não compreende agora a minha suposta indiferença às suas declarações de amor.
Anteriormente fui elogiada pela franqueza, pelo tacto dessa franqueza, pela transmissão inequívoca dos meus não-sentimentos, o esclarecimento de amar outro, o meu sofrimento nesse amor pela inconstância e incerteza aprisionada. Hoje alguém se questiona acerca de mim, as mesmas questões que me coloco acerca de outro.
Como explicar que a dilacerante força do amor será geral nos que conheço e em mim mesma  a alguém que me ama e que eu não amo?
Como destruir sonhos sem magoar?
Como tudo seria simples se nada disto tivesse acontecido - se o meu celibato fosse mais avante que o meu egoísmo.


 


MAR   AMADO


 


Era o menino dos olhos dela...
Sempre que era tocada,  enrubescia friamente, renovando-se-lhe a esperança.
Era assim sempre que se encontravam, sentiam-se fervorosamente.
Ela talvez porque fosse nova e plena de revoltas magoadas, ele porque acompanhava-a nessas revoltas imensas, cheias da melancolia de quem vai mas sempre volta.
Era ela que incessantemente buscava os seus lençóis acolhedores, eternamente, dum tom azul-marinho.
Um dia uniram-se, numa união húmida mas não sexual.
Ela morrera. Libertara-se duma vida dolorosa.
Encontraram-na na maré-baixa de sua paixão.
Deu à costa do amor, o mar acolheu-a.
Decerto também terá amado. Como ela a ele.
                             


 


                                                                                                                          
07.FEV.2001       MAR



terça-feira, outubro 28, 2003

Já estou como diz o Saramago, olhemos para o presente, trabalhemos neste, não nos lamentemos do futuro e nem nos envergonhemos do passado recente do País. Dez ou Vinte personagens de um jogo de políticos e afins, fundidos nos seus actos criminosos não fazem de todos nós a vergonha do que somos enquanto povo. Toca a melhorar essa imagem, força nesses braços. Neste aspecto continuo a dar razão ao José Mário Branco, comidinha meu filho, o que tu queres é comidinha - e queres lá saber do que andam a fazer os filhos da puta dos políticos - eu sei lá o que é o FMI, eu quero lá saber se o FMI decide o que fazer da minha conta bancária pequenina!


segunda-feira, outubro 27, 2003

Nunca pretendi ser grande coisa e nem melhor que ninguém e acredite não o sou.
Quis sempre ajudar, mas nem sempre pude estar lá, porque precisava de estar noutro lado, porque o tempo urge e temos de ir às finanças, pôr um telefonema em dia e ainda beber um café apressado com alguém de quem se gosta.
Não suspirei jamais a ser equiparada a alguém especial, de dons, ou com algum atributo que escapasse à maioria, não sei nem tocar piano, nem fazer massagens.
Aspirei - um dia - a um horizonte sem fim...


domingo, outubro 26, 2003

Um belo dia resolvi mudar

E fazer tudo o que eu queria fazer

Me libertei daquela vida vulgar

Que eu levava estando junto a você

E em tudo o que eu faço

Existe um porquê

Eu sei que eu nasci

Sei que eu nasci pra saber


E fui andando sem pensar em voltar

E sem ligar pro que me aconteceu

Um belo dia vou lhe telefonar

Pra lhe dizer que aquele sonho cresceu

No ar que eu respiro

Eu sinto prazer

De ser quem eu sou

De estar onde estou

Agora só falta você



Rita Lee

Agora Só Falta Você



Só para não me esquecer de ti 



 



Those coffee with milk mornings in my bed with you were the only ones that have count in the countable mornings urban life style.
I was such a fool in those days, and I wish I still were.
But I have a suspicious thinking that right now I am not any more the foolish girl you once known - the pure, the innocent, the smiling happy girl.
Now, my twisted mornings are such an empty ones, with the coffee with milk and without your focus in me humour.
Why is still interesting the thought that you remember me in your long non-stop nights and later in your small, stressed, romantic mornings, seeing the one-star chosen to looking at, or waking up looking at the empty pillow?

And after finishing this text I received the following message from Germany:



“E a estrela sorri ao ser portadora de um sorriso meu. Viste-a? Estás bem? Um abreijo matinal.”




Às vezes até tenho medo de sentir o que sinto com esta intensidade que não sei se consonântica.



sábado, outubro 25, 2003



Levanto-me com o esforço inominável de quem está cansado, sofro do síndrome do pós semana infernal em que acidentes, melhores amigos de rastos, outros amigos em estados gripais e, outros em início de vida no meio da confusão de uma linda capital Europeia, a pedir-me ajuda em orientações de esquerda-direita.
Hesito entre o aluguer de um carro, um levantar de braço e o clamar por um táxi que teima em me ignorar ou, a marcação de uma viagem de avião para longe de tudo isto e para perto de quem não sei se me quer bem.
Enfim, uma semana normal Lisboeta, entre as confusões, confusas entre escolhas de idas ao cinema, se almoço com a Rita, ou se vou só por aí, largada ao vento e à chuva até cair de febre para o lado, numa qualquer rua do empedrado molhado.
Depois de alguns dias passados, comunico à minha família o acidente, descrevo-o como pouco grave, ninguém acredita, todos entram de pé atrás na minha descrição fortuita, que não joga com a minha despreocupante imagem dada em palavras.
Poupei a todos o ataque cardíaco, passível da minha culpabilidade e dou-me a trabalhos de não lhes dar os pormenores sórdidos do momento em que o vidro não descia, a buzina não tocava, os quatro piscas que se soltavam e a porta que não se abria e eu algures lá dentro, de todo um caos, a fazer telefonemas supostamente urgentes.


sexta-feira, outubro 24, 2003

Garras dos sentidos


Agustina Bessa-Luís


Não quero cantar amores,

Amores são passos perdidos,

São frios raios solares,

Verdes garras dos sentidos.


São cavalos corredores

Com asas de ferro e chumbo,

Caídos nas águas fundas,

não quero cantar amores.


Paraísos proibidos,

Contentamentos injustos,

Feliz adversidade,

Amores são passos perdidos.


São demências dos olhares,

Alegre festa de pranto,

São furor obediente,

São frios raios solares.


Da má sorte defendidos

Os homens de bom juízo

Têm nas mãos prodigiosas

Verdes garras dos sentidos.


Não quero cantar amores

Nem falar dos seus motivos.



 A LER - De Profundis – Oscar Wilde



Para os seus contemporâneos, a carta que Oscar Wilde escreveu, na prisão de Reading, a Lord Alfred Douglas, seu amante, era um exemplo acabado da prosa uranista (é também o que deve ter pensado o major Nelson, director do cárcere). Mas essa carta, redigida ao longo de três meses, em 1897, tornar-se-ia, de facto, num dos textos fundadores daquilo que, muito mais tarde, com maior ou menor propriedade, passou a classificar-se como escrita gay.


O Triunfo da Razão, Eduardo Pitta


quinta-feira, outubro 23, 2003


Afastámo-nos, nem sei muito bem como ou porquê, o que é certo e sei, é que no fundo a distância me é necessária e a ti precisa. O que nem sei é se “isto” assim vai de algum modo marcar em mim a distância de ti, para que me caias no esquecimento. Creio que não.
Sou infiel aos meus sentimentos por ti todos os dias, desde que te foste, fui-to e hei-de sempre sê-lo enquanto não me sentir eu mesma perante ti e não te sentir tu mesmo perante mim.
Eis que me faltam os teus abraços e, eis que não os sinto próximos, mesmo que longínquos, se os sentisse, mesmo que à distância de dois planetas, estaria aqui para ti, sempre, mas há pessoas que nunca nos darão determinadas certezas, mesmo que para isso se calem em segredo, sentindo por mim em segredo, fazendo de conta, brincando aos amigos “in a light way”.
E as frases feitas, ridículas é certo, que me fiz, que me faço, que me vou fazendo:



What would you do if every time you fell in love with someone you had to say good-bye?
What would you do if every time you wanted someone they would never be there?
What would you do if you loved someone more than anything else and you could never really have them?
If I died tomorrow, you would be in my heart forever.

I'll Always Be There.




Hoje vou tentar somente chegar à cama mais próxima, de todas a preferência – a minha.
Ridículo, cheguei a casa vi o correio, não me senti em excelência, mas caminhei, subi degraus, abri a porta, entrei, liguei o computador – fui à casa de banho, ritual de chegada a casa enfim, fiz o almoço.
Pois que isto de azares entre dias de correria e de pouca sorte em noites de pouco sono dormido, não me leve a mal, mas considero deveras injusto.
Fiz gazeta à tarde, pronto confessado, prendam-me, sair às dezassete de lá daquele sítio, na maioria dos dias chatos, para chegar a casinha pelas dezoito, depois de me levantar às seis e quarenta e cinco da matina e depois do dia de ontem, não, obrigada.
E o querido do meu chefe que me liga a desejar melhoras!
Eis que sentada num conteúdo estranho de sala de casa, me pergunto porque faz o meu télélé interferências com o computador? Não me vais escrever, eu sei, nem que desde ontem estivesse eu, internada numa UCI, morta, tu não saberias, ninguém to ia dizer, logo não virias à minha cremação e, quando soubesses, sei que chorarias por mim, porque no fundo me amas e serias egoísta ao ponto de pensares – ai a falta que ela me faz!



No fundo tenho sorte na vida...




terça-feira, outubro 21, 2003


Que quereis que diga quando me falham as palavras para a expressão da dor ou do vazio.
Hoje foi daqueles dias em que nada em mim preenchi e estou em crer que nos outros muito pouco.
Há já muito que não falo contigo, não quis, não quero, ajunto as ideias em aglomerados de time-tables do meu dia-a-dia de modo a não ter tempo para te pensar.
Não sei se consegui, mas acho que esta é mais uma prova final de que não.
Enfim,... um dia lá chegarei... à felicidade... mereço-a como qualquer ser vivo que conheça e passe por mim ou aquele que não conheça, qual mulher que passe por mim no semáforo de olhos esvaziados a mirar o nada da luz verde!
 



MAR 21.10.03 22h56m


Pudesse eu não ter laços nem limites

Ó vida de mil faces transbordantes

Para poder responder aos teus convites

Suspensos na surpresa dos instantes!




Sophia de Mello Breyner Andressen - Pudesse eu


segunda-feira, outubro 20, 2003



Queria sentar-me a uma lareira qualquer e ver-te a ver-me passear as mãos ondulantes pelo calor do fogo, enrolada na manta, encarquilhada no teu sofá, mas essa imagem não me soa a possível, nem o cacau quente vem e nem a febre me passa, aliás por isso devo estar a ter estas visões do impossível. Encosto então, logo que te achar aprazível, a minha cabeça, primeiro no teu ombro e mais daqui a pouco deixo-a descer até que te pousa no colo.




Coloco a minha mão na tua perna e fecho os olhos, volto a mim passados largos minutos e, abro-os, olho-te, olhas-me sem expressão, estás-me a dizer algo que provavelmente não estou a querer fazer perceptível em palavras, recebo a mensagem, processo-a, cerro os olhos de novo e adormeço em paz, por amor e protegida.



Nada hoje, me deixaria mais feliz que essa imagem praticada!



 



MAR           20.10.03                         17h54m


domingo, outubro 19, 2003


Na Noite do Dia Aqui e Acolá



 




Na noite, no dia, já nada me interessa, assim aqui
Já nada temo e acho que raras vezes tive medo
O meu temor é esta falta, este querer te ter
A minha tristeza é a tua ausência, o não amar
Há-de aparecer um dia um amor, eu sei e quero
Só não o procuro, nem quero achar, ele há-de vir
desejo sim amar o amor de ser incondicionalmente amada
puramente assim, aqui e acolá, puramente apaixonada
Sem limites, na surpresa de responder aos teus encantos
Sem querer, ficar em ti, estar profundamente em ti
assim na noite, no dia, aqui, acolá, não me  interessa.

MAR, 19.10.2003                          11h16m.


sábado, outubro 18, 2003




Letra de Pedro Ayres Magalhães




h
aja o que houver

eu estou aqui

haja o que houver

espero por ti

volta no vento

ó meu amor

volta depressa

por favor

há quanto tempo

já esqueci

porque fiquei

longe de ti

cada momento

é pior

volta no vento

por favor

eu sei, eu sei

quem és para mim

haja o que houver

espero por ti.


quinta-feira, outubro 16, 2003



Estrela, estrela




 



"Estrela, estrela
Como ser assim?
Tão só, tão só e nunca sofrer
Brilha, brilha
Quase sem querer
Deixar, deixar
Ser o que se é.
No corpo nu
Da constelação
Estás, estás
Sobre uma das mãos
E vais e vens
Como um lampião
Ao vento frio
De um lugar qualquer
É bom saber
Que és parte de mim
Assim como és
Parte das manhãs
Melhor, melhor
É poder gozar
Da paz, da paz
Que trazes aqui
Eu canto, eu canto
Por poder te ver
No céu, no céu
Como um balão
Eu canto, e sei
Que também me vês
Aqui, aqui
Com essa canção"

 




letra de Maria Rita Regina


quarta-feira, outubro 15, 2003


Amar hoje é uma coisa difícil, já não se foge com ninguém, já ninguém se mata realmente só por causa de amar e não ser amado, há tantas novidades mais, quantas as diferenças. Não há condições... para amar romanticamente, solenemente romanticamente.


terça-feira, outubro 14, 2003

Como saber se chegou a altura de mais uma vez nos visualizarmos, frágeis e inumanos?

Sempre que nos olhamos ao espelho e, não nos achando a beleza, nos vemos uma falha de algo que faz falta. De alguém,... de um amor, de um amigo, de uma pessoa de família no hospital que amamos forte!


Quando o mar nos chama e nos diz, bem baixinho em burburinhos de espuma, vem, ao pé de mim e tenta sempre,... tenta sempre ser feliz, mesmo que com pouco.


MAR, 14do10de2003 00h21m.


domingo, outubro 12, 2003


Uma Paixão



Visita-me enquanto não envelheço

toma estas palavras cheias de medo e surpreende-me

com teu rosto de Modigliani suicidado



tenho uma varanda ampla cheia de malvas

e o marulhar das noites povoadas de peixes voadores

vem



ver-me antes que a bruma contamine os alicerces

as pedras nacaradas deste vulcão a lava do desejo

subindo à boca sulfurosa dos espelhos

vem



antes que desperte em mim o grito

de alguma terna Jeanne Hébuterne a paixão

derrama-se quando tua ausência se prende às veias

prontas a esvaziarem-se do rubro ouro

perco-te no sono das marítimas paisagens

estas feridas de barro e quartzo

os olhos escancarados para a infindável água

vem



com teu sabor de açúcar queimado em redor da noite

sonhar perto do coração que não sabe como tocar-te

 


Al Berto


sexta-feira, outubro 10, 2003


Era uma vez uma menina...


 



  Parecia uma menina pequenina cheia de medos e alegrias. Tinha medo de voar e chorava o sorrir.
  Era uma menina triste da vida, sem o ser, pois era mulher. Uma mulher perdida, no meio da tristeza e dela querer fugir.
  Era uma mulher da vida, de uma vida com mágoa e dor. Parecia uma mulher feliz e alegre, no entanto não o era, porque fingia cada vez melhor, pois toda a vida disfarçara a dor com um sorriso.
  Tanta mágoa havia no seu olhar, no seu peio melancólico, alcoólico da dor.
  Era uma drogada da má vida, da vida que só traz más novas. Mas mesmo assim era uma mulher linda, pela pureza petrificada da menina que ainda lá morava, mas que estava para morrer.
  Mais um dia a sofrer, e outro e ainda mais outro, mesmo os dias menos feios tinham nela a incapacidade de serem bonitos. Morrera. Pior!
  Morrera sem o saber.


Hoje tentei esquecer-te, quis mesmo escrever-te uma mensagem a dizer-to, mas no fim do dia, vi-te algures em mim e, sei que não consegui.


quinta-feira, outubro 09, 2003

UM DIA


Casar-me-ia um dia


Teria filhos, sem ser preciso adoptá-los.


Mas tudo isso recusei.


Hoje amo, mas não a quem desejo.


MAR 12h19m


quarta-feira, outubro 08, 2003

SER


Fui um dia sem mágoas capaz de te olhar

Foste um dia o meu sorrir

Serás quem sabe um amor

És alguém que não esqueci

Fomos um, um para o outro

Seremos quem sabe inexistentes algum dia

Sou triunfantemente quem ama

Sendo a lua praguejante às tuas estrelas

Ser assim qual galáctia em decadência

É maré que não desejo mesmo que principescamente

Foram dias extenuantes aqueles de alegria

Seria assim a vida inteira, só voar, só ficar

Sou pouco feliz e tu serias se quisesses...


MAR 12h22m


NICK CAVE

"Come Into My Sleep"



Now that mountains of meaningless words

and oceans divide us

And we each have our own set of stars

to comfort and guide us

Come into my sleep

Come into my sleep, oh yeah

Dry your eyes and do not weep

Come into my sleep



Swim to me through the deep blue sea

upon the scattered stars set sail

Fly to me through this love-lit night

from one thousand miles away

And come into my sleep

Come into my sleep oh yeah

As midnight nears and shadows creep

Come into my sleep



Bind my dreams up in your tangled hair

For I am sick at heart, my dear

Bind my dreams up in your tangled hair

For all the sorrow it will pass, my dear



Take your accusation, your recriminations

and toss them into the ocean blue

Leave your regrets and impossible longings

and scatter them across the sky behind you

And come into my sleep

Come into my sleep

For my soul to comfort and keep

Come into my sleep



For my soul to comfort and keep - my sleep



Come on,

Come on,

Come on



terça-feira, outubro 07, 2003

   
Uma pessoa, um homem, de quem gostei muito em tempos, a quem dediquei o meu amor por largos anos, uma pessoa maravilhosa, de bom fundo, amigo, companheiro, amante, que sempre tentou tudo para me compreender e/ou tentar que eu o compreendesse; uma pessoa com quem partilhei sete anos da minha vida, que recentemente pensei terem sido desperdiçados, alguém que me cobrou muito pouco e o que cobrou tentou sempre apresentar alternativas. Alguém que me apoiou mesmo não partilhando dos meus sonhos, nunca me dizendo que sonhava alto demais, alguém que foi e ainda é importante na minha vida. Uma das poucas pessoas que me conhece quase tão bem como eu mesma, alguém que caminhou passo a passo a passo ao meu lado, durante esses anos e que apesar das discórdias consigo hoje fazer um bom balanço. A balança pesa mesmo assim a seu favor.

Uma pessoa por quem neste momento não tenho mais que um enorme carinho e amizade, alguém que me aturou durante todas as crises existenciais e outras, alguém que queria ser pai urgente e que eu não quis.
 


Alguém que escreve assim:




Vidro líquido, massa informe e quente,

Aguardo uma vontade, a arte,

Um molde que dê forma e função...



Não desejo ser vitral que escorre luz filtrada

altaneiro nos píncaros de uma catedral,

epifania, a arte humana tocando os céus...



Quero ser um copo... um simples copo de cozinha

Metade de cilindro oco e transparente



tens sede... vais à cozinha... enches de água...



Igual àquele que segura a tua escova de dentes...

Um simples copo, que tu uses todos os dias, quotidiano.


 


pepe (2003-05-27 às 13:57)






Casou-se este Sábado passado.

Espero que seja feliz, tão feliz quanto merece.


Abreijos Pepe.



segunda-feira, outubro 06, 2003



AS PALAVRAS INTERDITAS


«Os navios existem, e existe o teu rosto
encostado ao rosto dos navios.
Sem nenhum destino flutuam nas cidades,
partem no vento, regressam nos rios.
Na areia branca, onde o tempo começa,
uma criança passa de costas voltadas para o mar.
Anoitece, não há dúvida, anoitece.
É preciso partir, é preciso ficar.
Os hospitais cobrem-se de cinza.
Ondas de sombra quebram nas esquinas.
Amo-te... E entram pela janela
as primeiras luzes das colinas.
As palavras que te envio são interditas
até, meu amor, pelo halo das searas;
se alguma regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.
Dói-me esta água, este ar que se respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
estas mãos nocturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.
E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades bombardeadas.»

(Eugénio de Andrade, «As Palavras Interditas», As Palavras Interditas, 1951)

domingo, outubro 05, 2003



Lolllllllllllll



Hoje apanhei a minha primeira pedra ilusionista, a minha ilusão estava a sonhar que o despertador do quarto estava a tocar, levantei-me e fui lá, ao quarto e ouvi o som do despertador a aproximar-se conforme se aproximavam os passos e olhei, apanhei-o, desliguei-o, o que nada havia a desligar trouxe-o comigo e, o som do despertador quando voltei à sala - pousei-o - para mim ele continuava a tocar e então vi – ilusão!




 Lllllolllllllll



Minto, mas esta não foi a 1ª - a 1ª foi quando estive contigo na minha banheira – duche de imersão contigo – mesmo sabendo que tu não estavas lá!!!



 Bj.



MAR


sábado, outubro 04, 2003


22h14m


Sabes que em geral não choro.
Sabes que para alguém me magoar é preciso muito.
Sabes que não me desiludo com os outros do nada, ou do muito pouco.
Sabes que sei esperar e que em geral tenho-me aguentado.
Sabes que demoro a decidir se gosto mesmo de alguém.
Sabes que quando decido isso, ou tenho essa certeza, muito dificilmente a conseguem abalar.
Sabes que me testei em alguns limites de vida.
Sabes que definir um sentimento para mim é muito difícil mas que quando o defino, este dentro de mim é um enorme continente Africano.
Sabes que para mim tens sido o Sahara, tipo um destino, por onde eu não queria entroncar, mas não tive saída.
Sabes que morreria se a minha vida te fosse necessária.
Sabes que te quero para todo o resto de uma vida, a minha.
Sabes que em ti um sorriso, para mim são triliões de estrelas de felicidade e que o queria só para mim.
Sabes que por vezes me foi difícil acreditar que tu fosses quem és para mim, porque tu me derrotaste sempre em todas as tentativas.
Sabes que percorriria milhares de Kms para te encontrar, mas que não penso que queiras que os percorra até ti.
Sabes que em ti estou, mas acima de tudo – tu em mim estás, mesmo quando durmo e mesmo que não sonhe.
Sabes que não queria amores difíceis na minha vida e tu tens sido o meu mais difícil amor.
Sabes que dormiria mil anos a teu lado sem nunca me cansar.
Sabes que és o meu mar, quando te deixo em mim mergulhar.
Sabes que apesar do que em mim destruiste seria feliz assim por amor.
Sabes que a pessoa que sou sinto que encaixa na plenitude do que és comigo.
Sabes que o nosso Norte sempre me esperou e talvez te tenha feito vir até mim para finalmente me levares.
Sabes que ...
Sabes que me pergunto se serias capaz de um dia fazer tudo isto por mim como eu fiz por ti. Melhor, de saber tudo isto em ti, como o sei em mim.



21h30m



MAR
04.10.2003




"Na minha terra, não há terra, há ruas

mesmo as colinas são de prédios altos

com renda muito mais alta.

Na minha terra, não há árvores nem flores.

As flores, de tão escassas, dos jardins mudam ao mês

e a Câmara tem máquinas especialíssimas

para desenraizar as árvores

O cântico das aves – não há cânticos,

mas só canários de 3º andar e papagaios de 5ª.

E a música do vento é frio nos pardieiros.

Na minha terra, porém, não há pardieiros

que são todos na Pérsia ou na China,

ou em países inefáveis.

A minha terra não é inefável.

A vida na minha terra é que é inefável.

Inefável é o que não pode ser dito."

 


(Jorge de Sena, «Os Paraísos Artificiais», Poesia I).


sexta-feira, outubro 03, 2003



Já exististe em frases perdidas na noite
no abismo de um amor incerto
em memórias obscuras na corte
e arco-íris das estrelas de uma fera
já foste céus de papel de cor
sombra, luz e destino
a querer beber-me a alma
e respirar-te o espírito
viveste a vida através da visão
de detalhar-me em imagens
lentamente num sussurro
eras meu amor cintilante
mas partiste ao rasgão,
entre lágrimas mansas.


MAR
1996 a 2000


don't believe love -
is to be alone - as I see it today

don't doubt either love has to be in me first

don't trust me

don't believe also love is to be two as one

what should I believe in?


quarta-feira, outubro 01, 2003

Ver casas

Algum dia tinha eu que ver casas, uma casa que me agradasse e compraria de imediato a dita cuja, só que há tantos problemazecos a resolver que acabo por me aborrecer.
Como estão a canalização e a electricidade desta casa?
Quantos metros quadrados tem?
Existe um espaço da mesma chamado logradouro?
E a casa de banho? Tem banheira?
Qual o piso da casa? Tem elevador?
Tanta pergunta idiota, quando o orçamento é que vai decidir tudo, a não ser, está claro, que me apaixone pela mesma, tipo amor à séria e dê balúrdios por um Rés-do-chão de 55 metros quadrados ao Panteão Nacional, com meio metro de casa de banho, só porque lhe achei uma certa piada ao estilo Pombalino e me enterneceram os seus antigos, neste momento presentes proprietários.
Hoje vou ver uma bem no centro, já me avisaram, não se assuste está a precisar de obras de fundo! Como não me assustar? Como imaginá-la linda se não o for? Como não amar uma casa mesmo que esteja a cair se me apaixonar por ela?
Tipo, como ignorar o moreno de olho azul que choca comigo na esquina da Calçada do Combro com a São Pedro de Alcântara, segunda-feira de manhã?


11h38m     
01.10.03


Chove-me



Na minha cidade reinventou-se chuva e choveu

apelo de Outono a chegar de um quase nada

orvalho da manhã a fazer caracóis prometidos

desorganizados em lençóis na saudade de uma manhã

E a chuva que vem cai-me na pele impaciente

Desassossegadamente penso - só tu não me choves.


MAR       
01.10.03    0h54m



Desejos Vãos

 



Eu queria ser o mar de altivo porte
que ri e canta, a vastidão imensa!
Eu queria ser a pedra que não pensa,
a pedra do caminho, rude e forte!
Eu queria ser o Sol, a luz intensa,
o bem do que é humilde e não tem sorte!
Eu queria ser a árvore tosca e densa
que ri do mundo vão e até da morte!
Mas o mar também chora de tristeza…
as árvores também, como quem reza,
abrem, aos céus, os braços, como um crente!
E o Sol altivo e forte, ao fim de um dia,
tem lágrimas de sangue na agonia!
E as pedras…essas…pisa-as toda a gente!…



MAR aos 16 anos.


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